Da Redação
Na manhã desta quarta-feira (14), a Câmara Municipal de Campo Grande promoveu uma Audiência Pública para discutir a situação financeira da Santa Casa, hospital que é referência em média e alta complexidade para Campo Grande e todo o Mato Grosso do Sul. A unidade hospitalar enfrenta um déficit mensal de R$ 13 milhões nas contratualizações com o SUS (Sistema Único de Saúde), cenário que preocupa gestores e parlamentares diante da importância estratégica do hospital para o sistema público de saúde.
Durante o encontro, o diretor de Negócios e Relações Institucionais da Santa Casa, João Carlos Marchezan, apresentou um panorama da instituição, que atualmente conta com 744 leitos e é responsável por 40% das internações na capital. Quando se trata de procedimentos de alta complexidade, o hospital responde por 62% da demanda estadual, chegando a quase 70% em Campo Grande. Marchezan destacou que os casos mais complexos — e, portanto, mais custosos — são absorvidos pela Santa Casa, agravando ainda mais a defasagem entre o custo real dos atendimentos e os repasses recebidos. Só na alta complexidade, a produção mensal excede em mais de R$ 214 mil o teto estabelecido, valor que não é compensado financeiramente.
O vereador Dr. Victor Rocha, presidente da Comissão Permanente de Saúde da Câmara, destacou a importância do diálogo entre todos os setores envolvidos na gestão da saúde pública. Com um tom conciliador, ele propôs a formação de uma frente conjunta entre o Legislativo, Executivo municipal e estadual, Ministério Público, gestores hospitalares e sociedade civil para buscar soluções sustentáveis e duradouras.
“Sabemos da importância da Santa Casa, especialmente nos atendimentos de alta complexidade como neurocirurgia, queimados e politraumatismos. A realidade é que o hospital tem absorvido uma demanda que supera sua capacidade instalada. Por isso, é fundamental que todos os entes se unam para garantir condições justas de funcionamento, com foco na qualidade do atendimento à população”, afirmou.
Dr. Victor Rocha também defendeu a necessidade de ações preventivas e articuladas nos municípios para reduzir filas de espera por cirurgias e evitar que quadros clínicos simples evoluam para situações graves, que demandam internações mais longas e recursos mais altos. Desde o início de seu mandato, o vereador tem atuado pela valorização da Santa Casa, buscando o fortalecimento do contrato com os entes públicos como forma de assegurar o equilíbrio financeiro e a continuidade dos serviços essenciais.
A presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, reforçou os desafios enfrentados na gestão hospitalar, ressaltando os impactos de legislações recentes que aumentaram os custos com contratações e insumos. “A Santa Casa é parte fundamental da rede de urgência e emergência. Quando um paciente não é atendido aqui, ele não tem para onde ir. Nosso pedido é que a instituição seja olhada com o carinho e o reconhecimento que merece”.
Ao final da audiência, prevaleceu o entendimento de que o caminho para a superação da crise passa pela escuta, responsabilidade compartilhada e união de forças em torno de soluções que valorizem a saúde pública e garantam dignidade no atendimento a quem mais precisa.
Fonte: Assessoria
