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Obesidade, reconhecida como doença crônica pela OMS, tem tratamento qualificado na rede pública do DF

Foto: Paulo H Carvalho/Agência Brasília

Redação Plenax – Flavia Andrade

Rede pública oferece atendimento integrado, com terapias modernas e resultados que transformam a vida dos pacientes

Reconhecida oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica, progressiva e com alta taxa de reincidência, a obesidade conta com tratamento estruturado e de qualidade na rede pública de saúde do Distrito Federal. Hospitais e centros especializados oferecem acompanhamento multiprofissional, acesso a terapias modernas e resultados positivos que impactam diretamente a qualidade de vida dos pacientes.

A assessora administrativa Ana Paula Silva é um exemplo dessa transformação. Após conviver por anos com as complicações da obesidade — como dores articulares, esteatose hepática, depressão e apneia do sono —, ela decidiu mudar de trajetória. Aos 34 anos e com 109 quilos, realizou a cirurgia bariátrica pelo SUS. “Hoje tenho mais disposição e qualidade de vida. Me arrependo apenas de não ter feito antes”, afirma.

A mudança também influenciou o marido, Rômulo Gomes, que optou pela reeducação alimentar e pela prática regular de exercícios físicos. Sem cirurgia, ele perdeu 43 quilos. “Ele vai à academia todos os dias e ajustou completamente a alimentação”, conta Ana Paula.

Diretrizes globais e avanço no tratamento

Histórias como essa refletem uma tendência mundial. Diante do crescimento acelerado da obesidade — que já atinge mais de 1 bilhão de pessoas no planeta —, a OMS atualizou suas diretrizes internacionais de tratamento, incluindo medicamentos modernos das classes GLP-1 e GIP como opções terapêuticas eficazes, desde que utilizados com critérios médicos rigorosos.

A entidade também reforçou que a obesidade está associada a mais de 200 doenças conhecidas, o que exige estratégias contínuas de cuidado, prevenção e acompanhamento a longo prazo.

Rede de referência no DF

No Distrito Federal, o atendimento aos casos mais complexos de obesidade e transtornos alimentares é realizado por unidades de referência. O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) é o único do SUS no DF habilitado para realizar cirurgia bariátrica, contando com equipe multiprofissional especializada.

Já o Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão Arterial (CEDOH) atende pacientes com comorbidades como diabetes e hipertensão, oferecendo acompanhamento ambulatorial em áreas como endocrinologia, nutrição e psicologia.

O tratamento de transtornos alimentares — como anorexia, bulimia e compulsão alimentar — é centralizado no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), que dispõe de ambulatório multidisciplinar com atendimento integrado.

O acesso a esses serviços ocorre, obrigatoriamente, por meio da Unidade Básica de Saúde (UBS), responsável pela avaliação inicial e pelo encaminhamento via Sistema de Regulação do DF.

Impacto na saúde pública

Para especialistas, o reconhecimento da obesidade como doença crônica fortalece a organização das políticas públicas de saúde. Segundo a endocrinologista do IgesDF, Martha Sanjad, o cuidado contínuo é fundamental para resultados duradouros. “O tratamento eficaz exige a integração entre medicação, alimentação equilibrada, acompanhamento regular e atividade física”, destaca.

O presidente do IgesDF, Cleber Monteiro, avalia que o avanço nas diretrizes internacionais contribui para a sustentabilidade do sistema de saúde. “Ao prevenir complicações como infartos, AVCs e insuficiência renal, reduzimos internações e custos. É uma política pública que olha para o presente, mas principalmente para o futuro”, afirma.

Obesidade e saúde cerebral

Estudos recentes também apontam impactos da obesidade sobre o cérebro. Pesquisa da Universidade de Washington indica que o excesso de gordura corporal pode acelerar significativamente marcadores associados ao Alzheimer. Para o neurologista João Tatsch, do Hospital Regional de Santa Maria, o controle do peso contribui para a proteção cerebral. “Tratar a obesidade reduz inflamações, melhora o metabolismo e diminui o risco de doenças neurodegenerativas”, explica.

O especialista reforça que mudanças no estilo de vida trazem benefícios em qualquer idade. “Nunca é tarde para começar. A consistência é o que faz a diferença ao longo do tempo”, conclui.

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