Da Redação
Reumatologista explica que enfermidades autoimunes como lúpus e artrite reumatoide atingem principalmente mulheres jovens e podem comprometer órgãos internos
Quando se fala em reumatologia, muita gente pensa em dores nas articulações, osteoporose ou problemas “da idade”. Mas essa percepção não descreve toda a especialidade: a reumatologia cuida de mais de 120 condições que podem afetar pessoas de todas as idades, inclusive jovens e crianças, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).
“O reumatologista não é um médico apenas para idosos. As doenças que tratamos envolvem inflamação e autoimunidade, e muitas vezes surgem em fases precoces da vida”, explica a reumatologista Dra. Gabriela Araújo Munhoz, assistente do ambulatório de Lúpus Eritematoso Sistêmico da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e membro da Sociedade Paulista de Reumatologia.
O reumatologista estuda, diagnostica e trata doenças do sistema musculoesquelético e do tecido conjuntivo, estruturas que dão sustentação e mobilidade ao corpo, mas a atuação vai muito além das articulações. A especialidade inclui doenças inflamatórias e autoimunes sistêmicas que podem comprometer órgãos internos, pele e vasos sanguíneos.
De acordo com estimativas da Sociedade Brasileira de Reumatologia, mais de 15 milhões de brasileiros convivem com alguma doença reumática, um conjunto que inclui desde osteoartrite e osteoporose até doenças autoimunes menos comuns. Embora a prevalência aumente com a idade, muitas dessas condições também acometem adultos jovens e pessoas em idade fértil.
Segundo estudo nacional citado pela SBR, a Artrite Reumatoide tem prevalência de aproximadamente 0,46% na população brasileira, o que representa centenas de milhares de pessoas. Já o Lúpus Eritematoso Sistêmico, conforme dados reunidos em levantamentos nacionais e internacionais, ocorre com maior frequência entre os 20 e 45 anos, predominando em mulheres, com estimativas que chegam a dezenas de milhares de casos no país.
Entre as doenças que podem acometer jovens estão o Lúpus, a Artrite Reumatoide, a Doença de Sjögren, as Espondiloartrites, a Síndrome Antifosfolípide, a Esclerodermia, as Miopatias Inflamatórias, as Vasculites e a Artrite Idiopática Juvenil, esta última podendo se manifestar ainda na infância. No caso do Lúpus, por exemplo, estudos da Sociedade Brasileira de Reumatologia indicam que a idade média de início costuma situar-se entre os 20 e 40 anos, com claro predomínio feminino.
De acordo com levantamento publicado na base SciELO, um dos principais desafios da especialidade é o diagnóstico precoce. O tempo médio entre o início dos sintomas e a confirmação da Artrite Reumatoide pode chegar a 12 meses, o que reduz as chances de iniciar o tratamento na fase inicial e prevenir complicações.
Por isso, a orientação dos especialistas é clara: é preciso atenção a sinais que se repetem ou não melhoram, dor articular persistente, fadiga intensa, rigidez matinal prolongada, febrícula ou manchas na pele. “A dor que não passa e o cansaço fora do comum podem ser os primeiros indícios de uma doença reumatológica”, orienta a Dra. Gabriela. O diagnóstico e o tratamento precoces ajudam a reduzir inflamações, preservar articulações e proteger órgãos, melhorando significativamente a qualidade de vida.
Embora algumas doenças reumáticas estejam, de fato, associadas ao envelhecimento, como osteoartrite e osteoporose, o campo da reumatologia é muito mais amplo. Crianças, adolescentes e adultos jovens também precisam de atenção quando os sintomas persistem. “A dor crônica não é normal em nenhuma idade. Procurar um reumatologista pode evitar complicações e garantir mais bem-estar e autonomia”, reforça a especialista.
Mais do que tratar doenças, a reumatologia desempenha papel essencial na prevenção e na manutenção da saúde. “Nosso trabalho é ajudar o paciente a viver bem em todas as fases da vida. Reumatologia não é sinônimo de velhice, é sinônimo de cuidado, prevenção e qualidade de vida”, conclui Dra. Gabriela Araújo Munhoz.
