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Senado prepara marco rígido para mineração em terras indígenas e reforça proteção aos povos originários

Foto: Agência Senado

Redação Plenax – Flavia Andrade

O Senado deu um passo importante na construção de um marco legal para a mineração em terras indígenas. O Grupo de Trabalho (GT) responsável pelo tema está finalizando uma minuta de projeto de lei que prioriza a consulta prévia às comunidades, a preservação ambiental e o fortalecimento da fiscalização para impedir a expansão do garimpo ilegal.

Relator do GT, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) destacou, durante audiência pública desta semana, que a regulamentação deve nascer do diálogo com os povos originários e estar alinhada à Constituição.

“Não podemos criar uma lei que patrocine o conflito. Qualquer regulamentação precisa nascer do consenso possível, da ciência e da escuta real das comunidades indígenas. Sem isso, o país corre o risco de repetir erros históricos”, afirmou.

Debates avançam em várias frentes

O Grupo de Trabalho tem promovido encontros com especialistas de diferentes áreas — geologia, meio ambiente, direitos indígenas e impacto socioeconômico — além de representantes de órgãos públicos e lideranças tradicionais. As audiências abordam temas como:

mapeamento geológico das áreas de potencial mineral;

impactos ambientais e riscos de contaminação;

experiências internacionais em mineração em territórios protegidos;

consulta prévia, livre e informada (Convenção 169 da OIT);

repartição de benefícios econômicos;

e estratégias de combate ao garimpo ilegal.

Carvalho lembrou que a falta de regras claras contribuiu para a explosão do garimpo ilegal nos últimos anos, ampliando conflitos e gerando impactos ambientais severos. “A ausência de regras claras favoreceu o crime ambiental, o garimpo ilegal e organizações que exploram vulnerabilidades indígenas. O que estamos propondo é exatamente o contrário”, reforçou.

Quatro pilares da proposta

A minuta do projeto será estruturada sobre quatro eixos:

  1. Proteção dos direitos dos povos indígenas
    Qualquer exploração mineral dependerá de consulta prévia, livre e informada, com participação efetiva das comunidades afetadas.
  2. Sustentabilidade ambiental
    Estudos rigorosos, baseados em evidências científicas, deverão embasar decisões, incluindo medidas de mitigação e compensação.
  3. Segurança jurídica
    Regras claras e compatíveis com a Constituição e tratados internacionais, garantindo previsibilidade e responsabilidade.
  4. Combate ao garimpo ilegal
    Reforço a órgãos como Funai, Ibama e Polícia Federal para assegurar presença do Estado em áreas vulneráveis.

Próximos passos

O relatório final do GT incluirá um texto-base para a criação do projeto de lei e diretrizes técnicas que sustentam a proposta. A expectativa é que o material sirva como ponto de partida para a tramitação no Senado, garantindo equilíbrio entre proteção ambiental, direitos indígenas e segurança jurídica.

“Nosso compromisso é com a proteção da vida, da floresta e das comunidades. Se houver regulamentação, ela precisa ser exemplo de maturidade institucional, e não combustível para retrocessos”, concluiu o relator.

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