Redação Plenax – Flavia Andrade
O empresário e pré-candidato ao governo Jaime Valler concedeu entrevista ao Jornal da Top em sua primeira edição nesta quarta-feira (19), na Rede Top FM (88,9), em Campo Grande. Durante a conversa, Valler apresentou as bases de seu projeto político e explicou por que decidiu trocar o setor privado pela disputa eleitoral, reforçando o compromisso com uma gestão voltada às pessoas e ao retorno social.
Segundo ele, a decisão nasce de uma trajetória empresarial marcada pelo convívio com trabalhadores humildes — desde detentos que atuaram em seu curtume até funcionários que acompanharam seu crescimento profissional. “Sinto que posso retribuir tudo o que recebi. Minha candidatura é para devolver à sociedade nesses quatro anos a colaboração que veio das pessoas mais simples”, destacou.
Valler fez questão de ressaltar que não busca remuneração pública, afirmando que sua vida financeira vem exclusivamente da iniciativa privada. Disse querer um governo próximo da população e prometeu abrir, duas vezes por mês, tardes específicas para atender cidadãos pessoalmente e ouvir demandas diretamente, sem intermediários.
O empresário relatou que seu interesse por políticas voltadas às comunidades mais vulneráveis vem de experiências em regiões ribeirinhas, especialmente no distrito de Albuquerque, em Corumbá. Lá, afirmou ter testemunhado a precariedade que atinge famílias inteiras. Um episódio envolvendo uma criança picada por mosquitos e em situação crítica teria reforçado sua percepção sobre a urgência de mudanças.
Para Valler, existe um contraste gritante entre o forte desempenho econômico de Mato Grosso do Sul — segundo ele, dono do segundo maior crescimento de PIB do país — e a falta de serviços básicos para grande parte da população. “Algo está errado na forma como o capital e os auxílios são distribuídos. Pessoas com experiência em gestão podem ajudar a mudar isso”, avaliou.
Atualmente filiado ao MDB, partido que apoia a reeleição do governador Eduardo Riedel (PP), Valler confirmou que terá de buscar outra legenda e disse já possuir convites de siglas como PRTB e Novo. Declarou não buscar protagonismo isolado, mas a construção coletiva com grupos políticos alinhados ao que considera uma administração eficiente.
Ao comentar o cenário da saúde, criticou a crise em Campo Grande e afirmou que falta até o básico. Ele revelou ter sugerido à então candidata Adriane Lopes (PP) que nomeasse o ex-governador André Puccinelli para a Secretaria Municipal de Saúde por conhecer bem o sistema, mas a proposta não prosperou.
Entre suas ideias para o setor, Valler apresentou um plano ousado: uma parceria com um grupo italiano interessado em investir R$ 14 bilhões em doações não reembolsáveis para Mato Grosso do Sul. Segundo ele, trata-se de um movimento apoiado por europeus e americanos para melhorar as condições de vida na América Latina como forma de frear fluxos migratórios. De acordo com o empresário, os recursos seriam administrados diretamente pela família italiana, que viria ao Brasil para gerir os projetos sem vínculo político.
Ele explicou que caberia ao poder público apenas apontar as necessidades — como escolas, estruturas de saúde e poços artesianos em aldeias — enquanto o grupo italiano se encarregaria de construir e entregar os projetos diretamente aos municípios.
Ao final da entrevista, Valler resumiu sua motivação: “Quero governar por quatro anos aplicando tudo o que aprendi. Não como empresário, mas como alguém que cresceu adquirindo e recuperando propriedades. Quero ser guardião do dinheiro público, garantir que ninguém me acuse de desonestidade e dormir tranquilo sabendo que usei bem cada centavo do contribuinte”.
