Da Redação
Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo, a incidência da doença é de até oito vezes maior após cirurgias, um alerta que ganha ainda mais relevância neste 13 de outubro, Dia Mundial da Trombose
A trombose venosa profunda (TVP), especialmente após cirurgias, é uma condição grave e silenciosa, caracterizada pela formação de coágulos dentro das veias profundas, geralmente nas pernas, que bloqueiam a circulação. A doença representa um importante problema de saúde pública no Brasil, com alta incidência e subnotificação preocupante. Estima-se que, em todo o mundo, a cada 37 segundos uma pessoa morre por complicações relacionadas a coágulos sanguíneos.
“Após uma cirurgia, o corpo entra em um estado de hipercoagulabilidade, uma reação natural para evitar sangramentos, mas que pode durar até 12 semanas. Nosso organismo não diferencia uma lesão cirúrgica planejada de um trauma acidental, por isso, o risco de formar coágulos aumenta consideravelmente”, explica o cirurgião vascular e diretor de Publicações da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dr. Ivan Benaduce Casella.
Inflamações crônicas, como lúpus, artrite e doenças intestinais (como a de Crohn), também elevam a propensão à trombose. Os sinais de alerta incluem inchaço assimétrico em uma das pernas, dor muscular e aumento da temperatura local, mas o problema pode ser silencioso. Entre os principais fatores de risco estão o repouso prolongado e a falta de mobilização no pós-operatório.
Mas medidas simples ajudam na prevenção, como o uso de meias elásticas sob orientação médica, dispositivos de compressão pneumática, fisioterapia e, em alguns casos, anticoagulantes prescritos. “O acompanhamento do cirurgião e, quando necessário, do angiologista, cirurgião vascular ou hematologista, é fundamental”, reforça Dr. Ivan, que também informa que a utilização correta das meias elásticas terapêuticas funciona como método coadjuvante, e a compressão ideal deve sempre ser indicada por profissionais especializados.
Cirurgias ortopédicas de grande porte, abdominais e oncológicas estão entre as mais associadas à TVP, especialmente em pacientes idosos. Exames como o ultrassom Doppler venoso e, quando indicado, a angiotomografia, permitem identificar precocemente alterações na circulação venosa e reduzir o risco de embolia pulmonar.
Dia Mundial da Trombose alerta para subnotificação e alta incidência
Em referência ao Dia Mundial da Trombose, celebrado em 13 de outubro, a SBACV-SP destaca a importância de ampliar a conscientização sobre a doença e reforça os dados que evidenciam sua dimensão no país. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 37 segundos uma pessoa morre por complicações relacionadas a coágulos sanguíneos. Para o cirurgião vascular e presidente da SBACV-SP, Dr. Edwaldo Edner Joviliano, a trombose venosa é um problema de saúde pública amplamente subnotificado no Brasil. Dados do SUS apontam quase 490 mil hospitalizações entre 2012 e 2023, com recorde de 165 por dia no último período. Já estudos internacionais estimam uma incidência anual de 1 a 2 casos por mil habitantes, o que corresponde a 215 mil a 430 mil novos episódios no país.
Mesmo em projeções conservadoras, seriam ao menos 129 mil ocorrências por ano — número muito superior ao captado pelas estatísticas oficiais. Enquanto a estimativa seria de aproximadamente 350 mil admissões hospitalares a cada ano, o Brasil registra pouco mais de 50 mil. “Essa diferença evidencia a magnitude da subnotificação e reforça a urgência do diagnóstico precoce, já que a embolia pulmonar, complicação direta da trombose, está entre as principais causas de morte evitável em ambiente hospitalar”, comenta Dr. Joviliano.
O médico reforça: “identificar os sinais e buscar atendimento médico rapidamente podem salvar vidas”.
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