Da Redação
No último domingo (9), foi comemorado o Dia Internacional Contra o Fascismo e o Antissemitismo, a data é um lembrete sobre os perigos do fascismo, do antissemitismo e de outras formas de autoritarismos e violências
O dia 9 de novembro foi instituído como o Dia Internacional Contra o Fascismo e o Antissemitismo, em memória da Kristallnacht, a Noite de Cristal de 1938, quando nazistas atacaram e vandalizaram propriedades judaicas na Alemanha. A data serve como um lembrete dos horrores da humanidade, mas também é um convite à luta contra o fascismo, o antissemitismo e outras formas de ódio. A data foi comemorada no último domingo (9).
Pensando nesta data, a editora Tinta-da-China Brasil separou títulos da casa que ajudam a entender como o fascismo surgiu, se instalou, seduziu massas e destruiu democracias. Entre os autores listados estão Fernando Rosas, historiador, professor e político português, e Paulo Roberto Pires, jornalista, escritor, editor da revista Serrote, colunista da revista Quatro Cinco Um e professor da Escola de Comunicação da UFRJ.
As obras da Tinta-da-China Brasil oferecem instrumentos para reconhecer os sinais do fascismo e dizer não quando ainda é tempo. Confira:
Salazar e o poder: a arte de saber durar, de Fernando Rosas
Por que durou tanto o regime de Salazar, a mais longa ditadura europeia do século 20? É isso que o professor, pesquisador e político português Fernando Rosas, especialista na história dos fascismos, procura explicar neste livro que marca o apogeu da sua obra historiográfica. O livro, vencedor do prêmio PEN de ensaios em Portugal, supre uma lacuna na bibliografia publicada sobre Salazar no Brasil.
Com prosa fluida e pesquisa rigorosa, buscando ir além do senso comum, Rosas identifica cinco fatores estruturais da durabilidade do salazarismo: a violência contra as oposições; o controle político das Forças Armadas; a cumplicidade da Igreja; o corporativismo; e a investida cultural no “homem novo”. Em tempos de retorno dos fascismos, urge compreender como triunfaram seus experimentos, para que possamos combater suas novas mutações.
“Este livro é provavelmente a melhor síntese sobre o Estado Novo em Portugal escrita até agora. (…) Só se escreve assim depois de uma vida inteira a estudar estes assuntos, e é por isso que o livro de Fernando Rosas vai certamente marcar por muitos anos a historiografia do Estado Novo e de Salazar.” — José Pacheco Pereira
“A razão pela qual resolvi escrever este livro é basicamente a mesma que há trinta anos me levou ao estudo da história contemporânea em geral e da história do Estado Novo em particular: tentar perceber as razões da durabilidade do regime salazarista, a mais longa ditadura da Europa do século XX.” — Fernando Rosas

Salazar e os fascismos: ensaio breve de história comparada, de Fernando Rosas
Nas discussões sobre o fascismo, costuma-se deixar de fora dessa classificação o Estado Novo português, que teve António Salazar à sua frente a partir de 1933. Será que esse governo ditatorial, que só caiu na Revolução dos Cravos de 1974, está mesmo distante das outras experiências europeias? Em Salazar e os fascismos: ensaio breve de história comparada, premiado pela Academia Portuguesa da História, Fernando Rosas investiga a tradição autoritária que elegeu líderes como Adolf Hitler e Benito Mussolini, detendo-se sobre o salazarismo numa análise à luz de tais fascismos europeus. A reflexão sobre esse momento histórico o lança para a atualidade, num esforço de apreender as semelhanças com a onda conservadora que toma o mundo nos anos recentes. Lira Neto, autor da celebrada trilogia sobre Getúlio Vargas e de biografias de outras importantes figuras da cultura nacional, assina a orelha da edição.

Diante do fascismo: crônicas de um país à beira do abismo, de Paulo Roberto Pires
O jornalista e editor Paulo Roberto Pires observa nestas 34 crônicas publicadas em sua coluna nas revistas Época e Quatro Cinco Um a ascensão de Bolsonaro à Presidência da República e a implantação de sua política de perseguição às artes, à universidade, ao jornalismo e aos direitos humanos. A partir de episódios do dia a dia do governo, como a nomeação de Regina Duarte (“a noivinha do Brasil fascista”) para a Secretaria Especial de Cultura, Pires mostra como a autoproclamada isenção de intelectuais, jornalistas, políticos e outras figuras do debate público ajudou na instauração de um fascismo à brasileira.
