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Reconstrução ambiental recoloca o Brasil no centro da agenda climática global em 2025

Foto: Divulgação

Redação Plenax – Flavia Andrade

Após um período de fragilização institucional e isolamento internacional, o Brasil encerra 2025 reposicionado como uma das principais lideranças globais nas discussões sobre meio ambiente e mudança do clima. O balanço do triênio 2023–2025 aponta uma retomada consistente de políticas ambientais, com queda expressiva do desmatamento, fortalecimento da fiscalização, recomposição de órgãos ambientais e retomada de iniciativas estratégicas que recolocaram o país no radar das grandes decisões internacionais.

Ao assumir o terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou um cenário marcado por recordes de desmatamento, desmonte de políticas públicas, paralisação do Fundo Amazônia e bloqueios a acordos comerciais. A resposta veio com uma ampla reconstrução institucional liderada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que passou a tratar a preservação ambiental como eixo central do desenvolvimento econômico.

“O presidente Lula transformou a política ambiental e climática em uma agenda transversal no governo. Reabilitamos a governança ambiental, recompusemos a capacidade dos órgãos e reduzimos o desmatamento de forma consistente”, destacou a ministra Marina Silva. Segundo ela, a estratégia consolidou a visão de que proteger o meio ambiente é condição para garantir segurança alimentar, hídrica e um futuro econômico sustentável.

Os resultados são expressivos. Na Amazônia, o desmatamento caiu 50% ao longo de três anos consecutivos. Entre agosto de 2024 e julho de 2025, foram registrados 5.796 km² de área desmatada, a terceira menor taxa desde o início da série histórica, em 1988. No Cerrado, a redução foi de 32,3%, interrompendo um ciclo de cinco anos seguidos de alta.

O impacto ambiental também se refletiu na redução das emissões de gases de efeito estufa. Desde 2022, foram evitadas cerca de 733,9 milhões de toneladas de CO₂ equivalente apenas com a queda do desmatamento na Amazônia e no Cerrado — volume comparável às emissões anuais de Espanha e França somadas.

Outro destaque do período foi o fortalecimento das políticas sociais associadas à conservação. O programa Bolsa Verde foi relançado e, entre 2023 e dezembro de 2025, beneficiou 84 mil famílias com pagamentos trimestrais de R$ 600. A iniciativa alcança 436 áreas em 113 municípios, priorizando populações em situação de vulnerabilidade, comunidades tradicionais, quilombolas e povos indígenas.

Na frente econômica, a estratégia de transformação ecológica mobilizou R$ 138,1 bilhões em financiamentos para o desenvolvimento sustentável, por meio de instrumentos como o Fundo Amazônia, Fundo Clima, Eco Invest, Fundo Nacional do Meio Ambiente e o recém-lançado Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Anunciado durante a COP30, em Belém, o TFFF busca garantir recursos previsíveis e permanentes para a conservação de florestas tropicais em países em desenvolvimento.

O combate aos incêndios florestais também apresentou resultados significativos. De janeiro a novembro de 2025, a área queimada no Brasil foi 39,5% menor em comparação à média registrada entre 2017 e 2024. Na Amazônia, a queda chegou a 75,8%, enquanto no Pantanal alcançou 93,3%. O avanço é atribuído à reestruturação da governança ambiental, à ampliação do número de brigadistas federais e à implementação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.

No campo institucional, o governo retomou instrumentos de participação social, fortaleceu o Conama e realizou a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, após 11 anos de interrupção. A criação do Ministério dos Povos Indígenas e a retomada das demarcações de Terras Indígenas também marcaram o período. Entre 2023 e 2025, 51 Terras Indígenas receberam algum tipo de avanço administrativo, além da conclusão de operações de desintrusão e apreensão de ouro ilegal.

O protagonismo brasileiro foi consolidado com a realização da COP30, em Belém, em novembro de 2025. A conferência marcou os dez anos do Acordo de Paris e aprovou um pacote de decisões voltadas ao fortalecimento do multilateralismo, à aceleração da implementação climática e à construção de caminhos para a transição energética e o fim do desmatamento.

Como legado do encontro, o Brasil liderou a construção de dois “mapas do caminho”: um para a transição justa dos combustíveis fósseis e outro para interromper e reverter o desmatamento. Internamente, o governo avançou na elaboração de diretrizes nacionais para a transição energética e aprovou, em dezembro, o Plano Clima até 2035, que orienta a redução de até 67% das emissões de gases de efeito estufa em relação a 2005.

No balanço do triênio, o país deixou para trás um período de descrédito ambiental e passou a trilhar uma trajetória de reconstrução e protagonismo. O desafio, segundo o governo, agora é consolidar os avanços, ampliar os investimentos em bioeconomia, combater a grilagem e integrar definitivamente a agenda ambiental às políticas de infraestrutura, energia e agricultura.

O ciclo iniciado em 2023 reforça uma vocação histórica do Brasil: ser potência ambiental e fornecedor de soluções para a crise climática global, conciliando desenvolvimento econômico, justiça social e preservação da natureza.

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