Redação Plenax – Flavia Andrade
O Museu Interativo da Biodiversidade (Mibio), no Bioparque Pantanal, acaba de receber uma obra que reforça a conexão entre cultura, ciência e educação ambiental. A instalação artística “Interações”, que integra o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), explora novas materialidades e percepções sensoriais para discutir interdependência, memória e território dentro do maior aquário de água doce do mundo.
Criada pela artista Luana Taminato Roque, conhecida como Pitchuqué, a obra é uma instalação têxtil produzida a partir do reaproveitamento de tecidos. Retalhos de roupas da avó da artista, de familiares e até de pessoas desconhecidas compõem a estrutura do trabalho.
“Esta obra é um convite para perceber as interações. Ela foi construída com retalhos que carregam histórias e memórias afetivas, mostrando o potencial do que um simples tecido pode se tornar”, explica Pitchuqué.
Além do caráter artístico, o projeto reafirma o compromisso do Bioparque com práticas sustentáveis por meio do Programa ESG Bioparque. A instalação estimula o visitante a refletir sobre os 5R’s da sustentabilidade — reciclar, reduzir, recusar, reutilizar e repensar — e evidencia o impacto dos resíduos têxteis no país. Segundo dados do Sebrae, o Brasil produz cerca de 170 mil toneladas desses resíduos por ano, mas apenas 20% é reciclado. O restante acaba em aterros sanitários ou no meio ambiente.
A obra também provoca associações visuais relacionadas aos ecossistemas naturais. A professora de biologia Paula Machado destaca que a instalação remete aos manguezais.
“Me lembrou bastante os manguezais, com suas raízes pneumáticas que se desenvolvem em áreas alagadiças e emergem do solo. A reutilização dos tecidos reforça ainda mais a proposta sustentável”, observa.
Para a diretora-geral do Bioparque Pantanal, Maria Fernanda Balestieri, a obra é mais do que uma expressão artística: trata-se de uma ferramenta pedagógica.
“A obra dialoga com a ciência ao representar, por meio das raízes, a complexa rede de interações que sustenta a vida. Assim como as raízes se entrelaçam para manter um ecossistema saudável, os tecidos reutilizados simbolizam pessoas, histórias e identidades diversas que se conectam para formar um todo”, ressalta.
“Valorizamos iniciativas que aproximam cultura, ciência e educação ambiental, reforçando a percepção de que natureza e sociedade estão profundamente interligadas.”

