Redação Plenax – Flavia Andrade
Mato Grosso do Sul vem se destacando nacionalmente como referência na recuperação de pastagens degradadas, consolidando um modelo de agropecuária que alia produtividade, sustentabilidade e responsabilidade ambiental. Com políticas públicas estruturantes, crédito sustentável e forte base tecnológica, o Estado transforma um desafio histórico em vetor da nova economia verde.
“Estamos mostrando ao Brasil que é possível produzir mais, com responsabilidade ambiental e tecnologia”, afirmou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, ao destacar o panorama estadual.
O território sul-mato-grossense possui cerca de 4,7 milhões de hectares de pastagens passíveis de recuperação, cenário herdado majoritariamente de práticas antigas da pecuária extensiva, com baixa taxa de lotação e manejo limitado. Hoje, esse contexto é enfrentado como política de Estado, com foco em manejo responsável do solo e da água, redução de emissões e aumento da competitividade do setor.
Políticas públicas estruturantes
O avanço da agropecuária sustentável em Mato Grosso do Sul é sustentado por um conjunto de programas estratégicos:
Prosolo: restauração de áreas afetadas por erosão, recuperação da fertilidade do solo e melhoria de estradas vicinais;
MS Irriga: ampliação da irrigação sustentável e uso racional da água para intensificação produtiva;
Plano ABC+ MS: incentivo a sistemas integrados, plantio direto, bioinsumos e manejo adequado de resíduos;
Precoce MS: estímulo à pecuária eficiente e de baixo carbono;
FCO Verde: linha de crédito para projetos sustentáveis e recuperação produtiva — entre 2020 e 2024, foram R$ 812 milhões destinados a 771 projetos.
“Quando governo, produtores e instituições de pesquisa trabalham juntos, conseguimos acelerar a transição para uma agropecuária moderna, de baixa emissão de carbono e alto desempenho”, reforçou Verruck.
Modelo técnico e ambientalmente equilibrado
Estudos de instituições como LAPIG e MapBiomas indicam que o Estado possui grande extensão de áreas classificadas com baixo vigor de pastagem. Parte significativa dessas áreas está localizada no Pantanal, onde a dinâmica natural e a presença de vegetação nativa não caracterizam degradação causada por ação humana — dado fundamental para orientar políticas públicas e evitar distorções.
De acordo com o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), a degradação observada em MS está associada, majoritariamente, a modelos produtivos ultrapassados, o que reforça a importância da modernização em curso.
Credibilidade internacional e rastreabilidade
O Estado também avança no alinhamento às exigências dos mercados globais. A Semadesc e o Fundems investem R$ 7,6 milhões em certificação e monitoramento de carbono na soja e no milho, fortalecendo a credibilidade internacional da produção sul-mato-grossense.
Na pecuária, Mato Grosso do Sul alcançou, em 2025, o status de área livre de febre aftosa sem vacinação e prepara a implantação do Sistema Estadual de Rastreabilidade Bovina, com início previsto para 2026 e cobertura total até 2032. Paralelamente, o Selo Verde vai integrar dados ambientais e produtivos, assegurando transparência socioambiental às cadeias da carne e da soja.
Liderança em sistemas integrados e capacitação
Mato Grosso do Sul é líder nacional em áreas com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), com mais de 3,6 milhões de hectares. Esses sistemas diversificam a renda, reduzem a pressão por novas áreas e melhoram a fertilidade do solo.
O Estado também figura entre os cinco maiores consumidores de bioinsumos do país, impulsionado pelo Programa Estadual de Bioinsumos, criado em 2022. Projetos de confinamento sustentável e intensificação de pastagens complementam o modelo produtivo, ampliando eficiência e bem-estar animal.
Em parceria com Agraer, Senar e instituições federais, o governo estadual promove capacitações técnicas contínuas. Destaque para os projetos Carbono ATeG, que auxilia produtores na mensuração e redução de emissões de gases de efeito estufa, e ABC Cerrado, voltado à formação em ILPF, plantio direto e florestas plantadas.
“Nossa meta é chegar ao produtor com assistência técnica de qualidade e acesso a crédito sustentável, garantindo que cada propriedade possa produzir mais e conservar mais”, concluiu Verruck.
Com planejamento técnico, inovação e políticas públicas permanentes, Mato Grosso do Sul consolida-se como modelo nacional de pecuária de baixo carbono e agropecuária sustentável, equilibrando produção, competitividade e conservação ambiental.

