Redação Plenax – Flavia Andrade
Mato Grosso do Sul avançou em sua política de descarbonização e ampliou o protagonismo na agenda da economia verde. A Resolução nº 20/2025 da Comissão Nacional para REDD+ (CONAREDD+), publicada ontem (17) no Diário Oficial da União, reconhece o Estado como elegível para receber pagamentos por resultados de REDD+ no bioma Cerrado.
Com a decisão, a Semadesc passa a ser a instância responsável por captar recursos, além de conduzir os processos de certificação e comercialização dos créditos de carbono produzidos em território sul-mato-grossense.
O aval federal confirma que o Estado cumpre os requisitos técnicos, jurídicos e de governança estabelecidos pelo mecanismo internacional de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, ligado à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). A partir dessa validação, Mato Grosso do Sul poderá acessar financiamentos internacionais voltados à conservação florestal e à mitigação das emissões.
O secretário Jaime Verruck destaca que o reconhecimento reforça a maturidade ambiental do Estado.
“Esta elegibilidade comprova que Mato Grosso do Sul estruturou um modelo sólido e transparente de governança, alinhado às melhores referências internacionais. Estamos preparados para acessar mecanismos globais de financiamento e transformar a preservação das florestas em desenvolvimento sustentável. É um passo histórico na nossa estratégia de descarbonização.”
O secretário-adjunto Artur Falcette lembra que o aval abrange o volume de emissões evitadas no Cerrado e habilita o Estado a gerar um estoque relevante de créditos.
“Agora esse potencial poderá passar por processos de verificação, certificação e posterior comercialização. O foco será estruturar esse pipeline com transparência e repartição de benefícios.”
Edital previsto para janeiro de 2026
Durante a COP 30, em Belém, o governador Eduardo Riedel anunciou que, em janeiro de 2026, será lançado um edital de Chamamento Público para apresentar propostas relacionadas à estruturação, desenvolvimento, monitoramento, verificação, certificação e comercialização de créditos de carbono no âmbito do REDD+ no Cerrado sul-mato-grossense. A publicação ficará a cargo da Semadesc.
O anúncio, feito ao lado de Verruck e Falcette, reforça a diretriz de que o Estado não apenas atenderá às exigências do mecanismo internacional, mas também organizará seu mercado de carbono com base em governança, segurança jurídica e participação de especialistas do setor.
Na submissão à CONAREDD+, o Estado demonstrou redução consistente nas emissões decorrentes do desmatamento, além de apresentar políticas públicas, sistemas de monitoramento e salvaguardas socioambientais já consolidados.
Com 62,2% do território coberto por Cerrado, 27,3% por Pantanal e 10,5% por Mata Atlântica, Mato Grosso do Sul possui mais de 110 mil km² de vegetação nativa remanescente — ativo ambiental central para o REDD+.
“Com a elegibilidade confirmada e o edital encaminhado, Mato Grosso do Sul fortalece sua transição para um modelo de desenvolvimento baseado em conservação, tecnologia e geração de valor ambiental, avançando rumo à meta de se tornar carbono neutro até 2030”, concluiu Verruck.
