Redação Plenax – Flavia Andrade
Mato Grosso do Sul vem se consolidando como referência nacional na recuperação de pastagens degradadas e na construção de um modelo de agropecuária sustentável, aliando produtividade, responsabilidade ambiental e inovação tecnológica. A estratégia é considerada prioritária pelo Governo do Estado para garantir competitividade, segurança alimentar e inserção nos mercados mais exigentes do mundo.
“Estamos mostrando ao Brasil que é possível produzir mais, com responsabilidade ambiental e tecnologia”, afirmou o secretário Jaime Verruck, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), ao destacar o panorama estadual.
O Estado possui cerca de 4,7 milhões de hectares de pastagens degradadas com potencial de recuperação. O enfrentamento desse passivo histórico ocorre por meio de políticas públicas estruturantes, linhas de crédito sustentável e forte integração com a pesquisa científica, posicionando o setor agropecuário como um dos pilares da nova economia verde sul-mato-grossense.
Políticas públicas impulsionam a transformação
O avanço da sustentabilidade no campo é sustentado por um conjunto de programas estaduais voltados ao uso eficiente do solo e da água. Entre as principais iniciativas estão o Prosolo, o MS Irriga, o Plano ABC+ MS, o Precoce MS e o FCO Verde.
“Quando governo, produtores e instituições de pesquisa trabalham juntos, conseguimos acelerar a transição para uma agropecuária moderna, de baixa emissão de carbono e com alto desempenho”, reforçou Verruck.
Essas políticas vêm promovendo práticas como manejo conservacionista, intensificação produtiva sustentável, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), uso de bioinsumos e recuperação da fertilidade do solo, além de garantir acesso a crédito direcionado a projetos ambientalmente responsáveis.
Modelo para o Brasil
Estudos de instituições como LAPIG e MapBiomas indicam que Mato Grosso do Sul está entre os estados com maior extensão de áreas classificadas com baixo vigor de pastagem. Parte significativa dessas áreas está no Pantanal, onde a presença de vegetação nativa e a dinâmica ambiental não configuram degradação causada por ação humana, dado essencial para a formulação de políticas públicas mais precisas.
Segundo o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), a degradação observada no Estado decorre, em grande parte, de práticas antigas da pecuária extensiva, com baixa taxa de lotação e pouco investimento em manejo e adubação. A resposta a esse cenário evoluiu para uma política de Estado, com foco na recuperação produtiva e ambiental.
Investimentos, crédito e certificação
O FCO Verde se destaca como uma das principais ferramentas de financiamento da transição sustentável. Entre 2020 e 2024, foram destinados R$ 812 milhões a 771 projetos voltados à recuperação produtiva e à sustentabilidade no campo.
Além disso, a Semadesc e o Fundems investem R$ 7,6 milhões em certificação e monitoramento de carbono na produção de soja e milho, alinhando Mato Grosso do Sul às exigências dos principais mercados internacionais.
Na pecuária, o Estado alcançou em 2025 o status de área livre de febre aftosa sem vacinação e avança na implantação do Sistema Estadual de Rastreabilidade Bovina, com início previsto para 2026 e cobertura total até 2032. Outro avanço é o desenvolvimento do Selo Verde, que integrará dados ambientais e produtivos, garantindo transparência socioambiental às cadeias da carne e da soja.
Liderança em sistemas integrados e capacitação
Mato Grosso do Sul é líder nacional em áreas com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, somando mais de 3,6 milhões de hectares. O Estado também figura entre os cinco maiores consumidores de bioinsumos do país, impulsionado pelo Programa Estadual de Bioinsumos, criado em 2022.
Projetos de confinamento sustentável, intensificação de pastagens e bem-estar animal ampliam a produtividade sem ampliar a pressão por abertura de novas áreas. Em parceria com Agraer, Senar e instituições federais, o Estado também investe fortemente em capacitação técnica.
Entre os destaques estão os projetos Carbono ATeG, voltados à mensuração e redução das emissões de gases de efeito estufa, e o ABC Cerrado, que capacita produtores em ILPF, plantio direto e florestas plantadas.
“Nossa meta é chegar ao produtor com assistência técnica de qualidade e acesso a crédito sustentável, garantindo que cada propriedade tenha condições de produzir mais e conservar mais”, concluiu Jaime Verruck.

