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 Incertezas econômicas e clima irregular desafiam produtores e exigem gestão mais estratégica

Foto: Freepik

Da Redação

Com crédito mais restrito, custos financeiros elevados e variação climática nas principais regiões produtoras, agricultores precisam adotar estratégias integradas para garantir rentabilidade e sustentabilidade 

O novo ciclo agrícola brasileiro começa sob influência do fenômeno La Niña e de um ambiente econômico mais desafiador. O aumento das incertezas no crédito, o avanço das discussões sobre taxação e a elevação dos custos financeiros levam o setor a adotar uma postura de prudência, com foco em eficiência, planejamento e sustentabilidade. 

O contexto atual combina fatores internos e externos que pressionam a rentabilidade no campo. Entre eles, o setor sente os reflexos do tarifaço anunciado pelo governo norte-americano, medida que tende a encarecer produtos agrícolas e elevar o custo de insumos importados. “Em um ambiente de juros altos e câmbio volátil, qualquer aumento de custo externo repercute diretamente nas margens do produtor”, afirma Wladimir Chaga, CEO e presidente da BRANDT Brasil. 

As discussões sobre tarifação e competitividade global também impulsionam a busca por novos mercados. “O Brasil tem conseguido diversificar destinos e ampliar exportações de produtos agrícolas para regiões como México, Canadá e Ásia. Essa diversificação é positiva, porque reduz a dependência de poucos compradores e fortalece a presença internacional do país”, destaca o executivo. 

Ele ressalta ainda a importância da integração regional na América do Sul. “As economias agrícolas do continente são complementares. Trabalhar de forma integrada e com troca de conhecimento técnico é um passo importante para o fortalecimento do setor em toda a região”, explica. 

Outro ponto de atenção é o crédito rural, que se encontra mais restrito, com exigências mais severas e prazos menores. “Os produtores estão lidando com um cenário em que o custo do dinheiro é alto e as operações demandam maior capacidade de gestão. A sustentabilidade financeira passou a ser determinante para a sobrevivência no campo”, pontua Chaga. 

A volatilidade cambial completa o quadro de incertezas. “O dólar influencia diretamente o custo de fertilizantes e defensivos, grande parte deles importados. Ao mesmo tempo, a oscilação afeta o preço de venda da produção, criando um ambiente de incerteza que exige planejamento mais técnico e decisões antecipadas”, acrescenta o executivo. 

Safra e impacto climático

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de soja 2025/2026 está estimada em cerca de 178 milhões de toneladas, com crescimento próximo de 5% na área plantada em relação à anterior. Apesar das boas perspectivas, o clima segue como ponto de atenção. 

“Há irregularidade nas chuvas em regiões importantes, como Paraná e sul de São Paulo, o que preocupa neste início de plantio. Por outro lado, o Rio Grande do Sul deve ter uma safra mais equilibrada, com chuvas dentro da normalidade. Essa variação regional é característica da agricultura brasileira”, avalia Chaga. 

O executivo lembra que os efeitos do La Niña se manifestam de forma diferente em cada parte do país. “Enquanto o Sul tende a ter períodos mais secos, estados do Norte e Nordeste podem registrar excesso de umidade. Essa diversidade reforça a importância de investir em manejo adequado, nutrição equilibrada e tecnologia adaptada às condições locais”. 

Gestão e eficiência

Para ele, o momento é de maturidade e profissionalização. “O agronegócio brasileiro tem um histórico de resiliência, mas o atual contexto demanda ainda mais racionalidade. Gestão de risco, controle de margens e eficiência operacional são indispensáveis. O setor está aprendendo a conviver com custos mais altos e retorno mais apertado, o que reforça a importância de adotar tecnologias que maximizem produtividade sem ampliar o endividamento”, conclui.

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