Redação Plenax – Flavia Andrade
O Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito (GGIT) encerrou, na quarta-feira (26), o calendário de reuniões de 2025 com a apresentação de avanços importantes para a segurança viária em Campo Grande. O encontro, realizado no auditório do Detran-MS, reuniu representantes das instituições que compõem o grupo para avaliar indicadores, discutir resultados e consolidar diretrizes para o próximo ano.
Durante a reunião, o diretor de Trânsito da Agetran, Ciro Vieira Ferreira, apresentou a ampliação do sistema de videomonitoramento da Capital. Com câmeras distribuídas em pontos estratégicos e atuação conjunta com a Gerência Especial de Fiscalização e Segurança Viária do Detran-MS, o sistema tem permitido identificar veículos com irregularidades, excesso de multas e outras situações que comprometem a segurança nas vias urbanas.
A integração também se estende às rodovias. Em dezembro, o GGIT passa a integrar o programa Rodovida, coordenado pela Polícia Rodoviária Federal, que promove ações conjuntas de fiscalização e prevenção nas estradas estaduais e federais.
Redução da Mortalidade
O coordenador do Grupo de Análise de Sinistros de Trânsito (G.A.A.T) do GGIT e conselheiro do CETRAN-MS, Renan Soares Cunha, apresentou dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) que evidenciam a queda consistente nas mortes por sinistros de transporte terrestre. Entre 2011 — ano de implantação do Programa Vida no Trânsito em Campo Grande — e 2020, a taxa de mortalidade caiu 41,6%.
“É um resultado que dialoga diretamente com os princípios do Pnatrans e da Visão Zero, que orientam a construção de um trânsito seguro para todos, independentemente da forma de deslocamento”, afirmou Renan.
No estado, a redução foi de 26,5% no mesmo período, reflexo da integração entre sociedade civil, órgãos de trânsito e instituições públicas. A presidente do CETRAN-MS e do Focotran, Regina Maria Duarte, destacou o avanço do Mato Grosso do Sul em nível nacional. “Estamos percorrendo vários estados pelas ações do Focotran e observamos como Mato Grosso do Sul está à frente na integração dos órgãos”, disse.
Ciclistas: 14 anos de queda e recorde histórico
Desde 2011, Campo Grande registra queda contínua nas mortes de ciclistas. Os 76 óbitos daquele ano caíram para:
6 em 2021,
6 em 2022,
4 em 2023,
5 em 2024,
0 óbitos até novembro de 2025.
A expansão do sistema cicloviário foi determinante. Em 2005, a cidade possuía 3,2 km de ciclovias por 100 mil habitantes. Hoje são 103 km — com previsão de ampliação de mais 6,9 km. “Campo Grande está entre as dez capitais do país com melhor relação de ciclovias por habitante”, destacou Renan Soares Júnior.
Para o diretor-presidente do Detran-MS, Rudel Trindade Junior, que participou da criação do GGIT em 2011, o resultado é fruto da continuidade das ações e da integração institucional. Ele também chamou atenção para uma mudança no comportamento dos usuários das vias.
“Há uma migração significativa do uso da bicicleta para a motocicleta. Isso explica, em parte, a queda nas mortes de ciclistas ao mesmo tempo em que cresce a vulnerabilidade dos motociclistas”, afirmou.
Motociclistas e pedestres: desafios para 2026
Dos 57 óbitos registrados em 2025 até novembro em Campo Grande, 42 envolveram motociclistas, reforçando a necessidade de intensificação de campanhas educativas e ações de fiscalização voltadas a essa categoria.
O G.A.A.T também apontou que 12 pedestres morreram em sinistros de trânsito no mesmo período. O GGIT estuda retomar campanhas focadas nesse público para ampliar a proteção dos usuários mais vulneráveis.
O encerramento das atividades de 2025 reforça o papel do GGIT como articulador de políticas públicas que integram fiscalização, tecnologia, educação e engenharia. Com os resultados consolidados, o grupo inicia 2026 com novas metas e compromisso renovado com a redução contínua da mortalidade no trânsito em Campo Grande.

