Redação Plenax – Flavia Andrade
Na COP30, realizada em Belém (PA), agricultores do Brasil e da Índia foram destaque na campanha global #AFarmerCan, promovida pela UPL, que mostra como o campo vem se tornando protagonista da transição energética mundial. De biocombustíveis a práticas regenerativas, produtores estão provando que é possível reduzir emissões, gerar energia limpa e aumentar a produtividade ao mesmo tempo.
Os biocombustíveis — produzidos a partir de culturas como cana-de-açúcar e canola — representam hoje um dos pilares da descarbonização global. Renováveis, com baixo impacto ambiental e capazes de integrar-se a sistemas agrícolas sustentáveis, esses combustíveis têm ganhado força em países que buscam reduzir a dependência de fontes fósseis.
Brasil: canola no Cerrado abre caminho para novos biocombustíveis
Em Tangará da Serra (MT), o produtor Bruno Franciosi decidiu transformar um desafio climático em oportunidade ao testar a canola, uma cultura de clima temperado, em pleno Cerrado. Além de gerar óleo de alto valor — usado para biocombustíveis —, a cultura permite rotação de plantio, melhora do solo, redução de emissões e menor pressão de pragas.
“Produtores precisam olhar cada vez mais para bioinsumos e para a conservação do solo. Esse é o caminho para garantir sustentabilidade e produtividade”, afirma Franciosi.
Para Roberto Marcon, CEO da ORÍGEO — joint venture da Bunge e UPL —, a experiência do produtor mato-grossense representa uma virada de chave.
“Ao testar a canola no Cerrado, Bruno diversificou a produção, reduziu emissões e tornou sua propriedade mais resiliente. Ele mostra que o agricultor pode liderar a transição para uma energia mais sustentável”, diz Marcon.
A ORÍGEO atua oferecendo soluções integradas desde a escolha da semente até a comercialização, conectando produtores ao mercado global e promovendo práticas regenerativas.
Segurança energética em foco
A discussão sobre energia renovável ganhou força na COP30. O setor brasileiro de biocombustíveis apresentou a Carta do Acordo de Belém, que propõe quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis até 2035, alinhando-se às recomendações da Agência Internacional de Energia (IEA).
A canola, assim como a soja de baixo carbono, é uma das potenciais matérias-primas para o SAF — combustível sustentável de aviação — e pode tornar o Brasil um dos principais fornecedores globais do setor.
“O agronegócio precisa ser visto como parte da solução climática. O Brasil é potência em alimentos e em energia renovável e deve liderar a bioeconomia mundial”, afirma Marcon.
Índia: produtividade cresce com agricultura sustentável
Na Índia, onde está a sede global da UPL, pequenos agricultores também mostram que é possível produzir mais com menos impacto ambiental.
O produtor Sahdev Shitole viu sua produtividade de cana-de-açúcar saltar de 74 para 88 toneladas após substituir práticas convencionais por tecnologias biológicas do programa Pronutiva, que integra bioproteção, bioestimulantes e bionutrição a defensivos tradicionais.
Outro agricultor, Ganesh Kudale, aumentou sua colheita de 88 para 102 toneladas por área ao reduzir o uso de fertilizantes sintéticos e adotar soluções biológicas.
Ambos fazem parte de um movimento crescente no país, que hoje é o segundo maior produtor mundial de cana, atrás apenas do Brasil.
O estreitamento das relações entre os dois países também fortalece a agenda verde. Em julho, Brasil e Índia firmaram um memorando de entendimento para ampliar cooperações em energia renovável, tecnologias limpas e políticas climáticas.
Campo como força global para energia limpa
“Esses agricultores mostram que o produtor rural pode acelerar a segurança energética e a transição global para fontes renováveis. É isso que a UPL defende: apoiar soluções sustentáveis que transformem a agricultura em aliada da energia limpa”, afirma Rogério Castro, CEO da UPL Brasil.
Durante toda a COP30, a UPL apresenta a Agrosfera, seu espaço na AgriZone da Embrapa, onde histórias reais de produtores regenerativos são exibidas ao público.
A campanha #AFarmerCan reforça um recado claro: se agricultores podem reduzir emissões, regenerar solos e proteger a biodiversidade, toda a sociedade também pode.

