Da Redação
Em painel realizado a bordo do barco a hidrogênio JAQ H1, na COP30, a secretária-executiva Ana Carla Lopes destacou a mudança de perfil do viajante, cada vez mais atento ao impacto de suas escolhas. O debate em Belém, que também contou com o ambientalista Daniel Cady, reforçou a importância de integrar as comunidades locais e a agenda de emissões reduzidas à economia do ecoturismo.
O turismo brasileiro está sendo reescrito com as diretrizes da sustentabilidade, do propósito e da responsabilidade social. Essa foi a tese do painel sobre turismo sustentável na Amazônia, realizado no barco JAQ H1, projeto financiado 100% pela iniciativa privada e idealizado por Ernani Paciornik, presidente do Grupo Náutica em parceria com Itaipu Parquetec, GWM, Heineken e Artefacto. A embarcação, focada em pesquisas e educação ambiental, exposta na Estação das Docas durante a COP 30, e que tem sistema de hotelaria preparado para operar com hidrogênio verde, conta com auditório para 50 pessoas que serve de palco para debates durante o período da conferência.
Na palestra de ontem, 17, a Secretária-Executiva do Ministério do Turismo (MTur), Ana Carla Lopes, destacou que o novo perfil do viajante exige uma relação mais profunda com o destino e o seu impacto. “O perfil do turista mudou. Ele busca ter uma relação mais próxima com a natureza e entender o impacto da própria viagem. O turista de hoje quer saber por que está indo, e não apenas para onde vai,” resumiu Ana Carla.
Para capitalizar essa demanda por turismo de experiência ligada ao ecoturismo, o MTur utilizou a COP30 para reforçar uma iniciativa que integra o papel da Amazônia como alvo de desenvolvimento. Trata-se do lançamento do projeto da maior trilha sinalizada da América Latina, com 456 quilômetros, que atravessa sete unidades de conservação dentro da floresta Amazônica.
“Para mim, esse percurso na Amazônia é um espaço vivo de encontro, sabedoria e alegria. Essa trilha tem muita potência e seguirá crescendo com capacitação e parceria entre governo federal, estados e iniciativa privada,” afirmou a secretária.
Comunidade e zero emissões
A estratégia do MTur foca em garantir que o turismo seja um motor de desenvolvimento que respeite o território. Isso envolve o apoio técnico e a capacitação de comunidades ribeirinhas, indígenas e artesãos em negócios, precificação e uso de redes sociais.
A visão da Secretaria foi endossada pelo ambientalista Daniel Cady. Segundo ele, as pessoas buscam experiências imersivas: “O turismo está mudando. As pessoas não querem só uma foto bonita, querem silêncio, contato real, saber a história daquele lugar, sentir o cheiro da terra, ver os animais.”
Ernani Paciornik, idealizador do projeto JAQ e presidente do Grupo Náutica, destacou o simbolismo da embarcação para educação ambiental e impulso ao ecoturismo, já que o barco, equipado com hidrojato, é capaz de navegar por águas rasas em vias fluviais: “Com o JAQ H1, a nossa intenção sempre foi ir além do discurso e contribuir com ações que integrem as pessoas e a natureza. Queremos deixar um legado concreto e mostrar, na prática, que a transição energética não é uma ideia abstrata, é algo possível e tangível.”
Fonte: Grupo Náutica
