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COP30 encerra debates com aprovação do Pacote de Belém e avanço histórico em adaptação, transição justa e financiamento climático

A ministra Marina Silva sendo ovacionada na plenária final da COP30, em Belém (PA). - Foto: Foto: Rogério Cassimiro/ MMA

Redação Plenax – Flavia Andrade

A COP30 foi encerrada neste sábado (22), em Belém (PA), com a aprovação unânime do Pacote de Belém, um conjunto de 29 decisões pactuadas pelos 195 países participantes. O documento reforça a urgência da ação climática, avança em temas estruturantes — como transição justa, adaptação e financiamento — e consolida o Brasil como protagonista no debate internacional.

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que o encontro marca o início de uma “década de mudança”, destacando que o espírito construído em Belém deve se estender para além das negociações oficiais e permear governos, instituições, universidades e comunidades.

Marina Silva: avanços mesmo sem consenso sobre combustíveis fósseis

Ovacionada por mais de três minutos na plenária final, a ministra Marina Silva avaliou como positivos os resultados da conferência. Ela destacou que, embora não tenha havido consenso global sobre o Mapa do Caminho rumo ao fim dos combustíveis fósseis, o tema ganhou força e o apoio de mais de 80 países.

Marina ressaltou conquistas como o reconhecimento do papel de povos indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes na agenda climática, além do lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) — mecanismo inovador que remunera nações que preservam florestas tropicais.

O presidente da COP30, Andre Corrêa do Lago, durante plenária de encerramento do evento em Belém – Foto: Ueslei Marcelino/COP30

Ao todo, 122 países apresentaram novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), com metas de redução de emissões até 2035.

Três vitórias estratégicas, segundo o Itamaraty

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, classificou a COP30 como vitoriosa em três frentes:

Reafirmação do multilateralismo climático, que vinha sendo questionado nos últimos anos.

Triplicação dos recursos para adaptação, essenciais para países mais vulneráveis.

Ampliação do apoio à transição justa, reconhecendo desigualdades estruturais entre nações.

Lula também celebrou os resultados e destacou o legado deixado em Belém. Para ele, a COP foi “um sucesso extraordinário”, consolidando o debate sobre a redução dos combustíveis fósseis como um caminho inevitável.

Visão geral da plenária de encerramento da COP30

Financiamento: metas mais ambiciosas até 2035

O Pacote Belém traz compromissos para triplicar o financiamento de adaptação até 2035. Também reforça a necessidade de que países ricos ampliem recursos destinados às nações em desenvolvimento.

Os países concluíram o Roteiro de Adaptação de Baku, que estabelece ações para o período de 2026 a 2028, e aprovaram 59 indicadores voluntários para monitoramento da Meta Global de Adaptação.

Pessoas no centro das decisões

Foi aprovado um mecanismo de transição justa que coloca a equidade e as populações vulneráveis como prioridade. Também avançou o novo Plano de Ação de Gênero, fortalecendo lideranças femininas — especialmente indígenas, afrodescendentes e rurais — no enfrentamento da crise climática.

Outro marco foi a Decisão Mutirão, que estabelece instrumentos para acelerar a implementação do Acordo de Paris, como:

Acelerador Global de Implementação

Missão Belém para 1,5°C

COP da Implementação: projetos já em curso

Uma série de iniciativas foram lançadas para transformar compromissos em ação, entre elas:

FINI, mecanismo que pretende destravar até US$ 1 trilhão em projetos de adaptação em três anos.

Anúncios do BID, Fundo Verde para o Clima e Fundação Gates, que somam mais de US$ 1,4 bilhão para agricultura e adaptação.

Plano de Ação de Saúde de Belém, que mobilizará US$ 300 milhões para sistemas de saúde resilientes.

Lançamento do Acelerador RAIZ, voltado à restauração de áreas degradadas.

Fundo Florestas Tropicais para Sempre: novo modelo econômico

Anunciado pelo Brasil, o TFFF já tem mais de US$ 6,7 bilhões mobilizados e apoio de 63 países. A proposta cria uma nova economia baseada na floresta em pé: países preservam, investidores têm retorno financeiro e emissões são reduzidas de forma rastreável.

Avanços para os oceanos

Dezessete países aderiram ao Blue NDC Challenge. Além disso, novas metas alinham conservação marinha, energias oceânicas, transporte marítimo e turismo sustentável, com potencial de mobilizar US$ 20 bilhões e gerar até 20 milhões de empregos no setor azul até 2030.

Participação social histórica

A COP30 marcou recorde de participação de povos indígenas — mais de 900 representantes — e consolidou a presença ativa da sociedade civil com a Marcha Climática de Belém e o lançamento do Balanço Ético Global.

Próximos passos

A presidência brasileira seguirá à frente da COP até novembro de 2026. A próxima conferência será na Austrália.

Marina Silva encerrou com um recado: “Não há atalhos. Enfrentar a crise climática exige persistência e esforço coletivo. Seguimos comprometidos com essa jornada”.

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