Da Redação
Para o presidente da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes, o evento representa “uma oportunidade histórica de reafirmar que não há saúde humana possível em um planeta doente”.
Nesta semana que começa a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), realizada em Belém do Pará, a Associação Médica Brasileira (AMB) chama a atenção para um tema que precisa ocupar espaço nas discussões globais: os impactos da crise climática sobre a saúde humana.
Pela primeira vez, o Brasil sedia o encontro da ONU em um território que simboliza, ao mesmo tempo, a riqueza e a vulnerabilidade ambiental do planeta — a Amazônia. Para o presidente da AMB, Dr. César Eduardo Fernandes, o evento representa “uma oportunidade histórica de reafirmar que não há saúde humana possível em um planeta doente”.
“Os médicos têm testemunhado nos consultórios e hospitais os efeitos diretos das mudanças climáticas. As ondas de calor extremo aumentam as internações por desidratação, doenças cardiovasculares e respiratórias. As alterações no regime de chuvas e temperatura favorecem a proliferação de vetores de doenças como dengue, zika e malária. E a fumaça das queimadas agrava quadros pulmonares e de saúde mental”, alerta o presidente da AMB.
De acordo com Fernandes, os desafios impostos pelas mudanças ambientais já são uma realidade cotidiana para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para os profissionais da Medicina em todo o país.
“Não se trata de um problema futuro — é um problema do presente. A crise climática já é uma crise de saúde. Por isso, a COP 30 deve ser compreendida também como uma conferência sobre saúde pública”, afirma.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que milhões de vidas podem ser salvas até 2050 se os países adotarem políticas de mitigação e adaptação climática guiadas por princípios de saúde. O Plano de Ação de Belém, que integra a pauta da conferência, reforça a necessidade de respostas com foco em equidade e justiça social, reconhecendo a vulnerabilidade de populações indígenas, ribeirinhas e periféricas diante da degradação ambiental.
Nesse contexto, a AMB defende que o tema “Saúde e Clima” seja incorporado à formação médica e à educação continuada.
“A Medicina, por essência, é ciência de prevenção e cuidado. Precisamos preparar nossos médicos para reconhecer e enfrentar os novos padrões de doenças relacionados ao ambiente, desenvolver protocolos de atendimento em desastres climáticos e atuar na prevenção de riscos ambientais”, destaca o presidente.
Além da formação médica, o dirigente ressalta que o próprio setor da Saúde precisa adotar práticas sustentáveis, com gestão eficiente de energia, água e resíduos.
“Hospitais e unidades de saúde são grandes consumidores de recursos. Reduzir emissões, implantar práticas de baixo carbono e promover resiliência institucional é um compromisso ético de quem trabalha pela vida”, reforça Fernandes.
Com a COP 30, o Brasil tem a oportunidade de se posicionar como líder global na integração entre agenda climática e agenda da saúde, aproveitando a força de sua biodiversidade e de seu sistema público de saúde.
“O planeta também precisa de cuidado médico. Cuidar do clima é cuidar das pessoas. Que a COP 30 marque o momento em que o mundo compreende
