Redação Plenax
Pesquisa global aponta queda no bem-estar e no engajamento enquanto especialista explica como líderes podem renovar energia e transformar aprendizados para o próximo ano
O fim do ano foi marcado por sinais claros de exaustão corporativa. Levantamentos recentes da Gallup mostram que 62% dos profissionais no mundo relatam algum nível de esgotamento emocional, enquanto dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho apontam mais de 1 milhão de afastamentos no Brasil entre 2012 e 2023 por transtornos ligados à saúde mental. Somado ao acúmulo de metas e à pressão de encerramento de ciclo, o resultado é uma força de trabalho desgastada às vésperas de 2026.
Para Alexandre Slivnik, especialista em excelência de serviços, vice-presidente da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) e professor convidado da FIA/USP, os líderes precisam substituir a pressão por renovação. “As equipes chegam a dezembro emocionalmente fornecidas. O papel da liderança não é exigido mais, mas ajudar as pessoas a ressignificar o ano que passou e enxergar propósito no que virá. Sem isso, nenhuma estratégia se sustenta”, afirma.
Slivnik, com mais de 20 anos de experiência na formação de líderes e desenvolvimento de metodologias de engajamento aplicadas por milhares de profissionais, reforça que a virada de ciclo é um momento de vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, de grande oportunidade. “O engajamento sempre segue a lei da gravidade: vem de cima para baixo. Quando o líder acolhe, regularmente e dá direção, a equipe recupera energia”, completa.
O que os dados revelam sobre o comportamento das equipes no final do ano
59% dos colaboradores relataram queda de motivação nos últimos dois meses do ano, segundo a Gallup.
Equipes que recebem reconhecimento frequente são até três vezes mais engajadas e podem aumentar a rentabilidade das empresas em até 24%.
Estudos da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que as culturas organizacionais de confiança mantêm a rotatividade em até 25% e aumentam a produtividade em 32%.
Slivnik afirma que o esgotamento não está apenas relacionado ao volume de trabalho, mas à falta de significado. “O colaborador até suporta pressão, mas não suporta falta de sentido. Quando o ano termina sem reconhecimento ou explicitamente, a equipe inicia o próximo ciclo já desgastado”, diz.
Como líderes podem inspirar equipes exaustas para 2026
Reconhecer antes de cobrar A Gallup mostra que o reconhecimento é um dos maiores combustíveis motivacionais. Para Slivnik, o fechamento anual deve privilegiar conversas que valorizem conquistas. “O tempo precisa ouvir o que funcionou. A crítica vem depois, de forma estruturada e equilibrada.”
Ressignificar o ano com propósito Slivnik explica que líderes eficazes ajudaram as equipes a interpretar o ano não pelo que faltou, mas pelo que foi aprendido. Estudos da Harvard Business Review mostram que empresas orientadas por propósito têm ciclos de inovação mais consistentes e engajamento superior.
Reduzir ruído e aumentar claramente A falta de comunicação intensifica o desgaste. “Não se trata de motivar, mas de dar direção. Pessoas cansadas precisam de norte.” A transparência reduz a ansiedade e fortalece a produtividade.
Criar momentos de pausa intencionais Empresas com práticas estruturadas de bem-estar geram retorno de até quatro vezes o investimento, segundo estudo da Deloitte. Slivnik reforça que os líderes devem legitimar pausas, reorganizar agendas e reduzir reuniões não essenciais em dezembro.
Preparar o terreno emocional para o próximo ciclo “Não há planejamento estratégico possível quando a equipe está emocionalmente esgotada.” Ele recomenda rituais simples de fechamento, espaços de escuta e mensagens alinhadas ao propósito. “O tempo entra em janeiro com a sensação de recomeço, não de continuidade da exaustão.”
Por que isso é importante para 2026
Estudos mostram que o início do ano concentra os maiores índices de missão voluntária. Segundo a FGV, ambientes que oferecem claramente, reconhecimento e liderança empática têm até 35% menos rotatividade. O impacto financeiro é direto: substituir um colaborador pode custar o dobro do salário anual.
Para Slivnik, o próximo ciclo exigirá ainda mais das lideranças. “2026 será um ano de retomada e ajustes. A empresa que começa janeiro com uma equipe exausta perde competitividade. A que começa com uma equipe energizada ganha vantagem.”
Ele conclui que a virada do ano corporativo deve ser tratada como processo estratégico. “Líder não inspira com discurso, inspira com presença. O novo ciclo começa agora, com reconhecimento, acolhimento e direção.”

