Redação Plenax – Flavia Andrade
Pela primeira vez em três décadas, o Brasil registrou menos de dez mil mortes por aids em um único ano. O novo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde aponta 9,1 mil óbitos em 2024, uma queda de 13% em relação ao ano anterior e o menor índice desde 1992. O avanço se soma a outro marco histórico: a eliminação da transmissão vertical do HIV, quando a infecção passa da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que o resultado é fruto direto da ampliação das tecnologias de prevenção, diagnóstico e tratamento oferecidas pelo SUS.
“Alcançamos o menor número de mortes por aids em 32 anos graças ao acesso gratuito às terapias mais modernas. Esses avanços também permitiram ao país eliminar a transmissão vertical como problema de saúde pública”, afirmou.
Casos de aids também recuam no país
Além da redução das mortes, o número de casos de aids caiu 1,5% no último ano, passando de 37,5 mil para 36,9 mil registros.
No componente materno-infantil, os dados reforçam o salto de qualidade na atenção ofertada pelo SUS:
queda de 7,9% nos casos de gestantes com HIV (7,5 mil),
redução de 4,2% nas crianças expostas ao vírus (6,8 mil),
e diminuição de 54% no início tardio da profilaxia neonatal.
A taxa de transmissão vertical ficou abaixo de 2%, enquanto a incidência entre crianças recém-nascidas atingiu menos de 0,5 caso por mil bebês — critérios que garantem ao Brasil o cumprimento integral das metas internacionais da OMS.
Prevenção combinada impulsiona resultados
O avanço é resultado da estratégia de Prevenção Combinada, que integra diferentes métodos:
uso de preservativos, PEP, e a PrEP — cujo uso cresceu 150% desde 2023, atingindo 140 mil pessoas em uso diário. A ampliação contribuiu para detectar casos mais cedo e reduzir novas infecções.
Diagnóstico precoce em expansão
Houve ainda reforço expressivo na testagem:
aquisição de 6,5 milhões de duo testes para HIV e sífilis (65% a mais que em 2023),
distribuição de 780 mil autotestes, ampliando o acesso ao diagnóstico fora das unidades de saúde.
Tratamento mais simples e eficaz
O tratamento antirretroviral continua sendo gratuito pelo SUS. Mais de 225 mil pessoas utilizam o esquema de comprimido único (lamivudina + dolutegravir), que combina alta eficácia com melhor tolerabilidade e maior adesão.
Com os avanços, o Brasil já cumpre duas das três metas globais 95-95-95, que preveem:
95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas,
95% delas em tratamento,
e 95% das tratadas com supressão viral.

