Redação Plenax – Flavia Andrade
Pesquisa conduzida pela Dra. Andréia Antoniolli e pelo Dr. Paulo Cossi avalia o uso de células-tronco mesenquimais para recuperar tecido endometrial, melhorar a função ovariana e aumentar as chances de gestação em casos complexos de infertilidade.
Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo um dos protocolos mais promissores da medicina reprodutiva contemporânea. A iniciativa, liderada pela Dra. Andréia Antoniolli, especialista em medicina regenerativa, e pelo Dr. Paulo Cossi, ginecologista e referência em ultrassonografia da saúde da mulher, investiga o uso de células-tronco mesenquimais para regeneração do endométrio e possível melhoria da função ovariana.
O projeto une terapias celulares, ultrassonografia avançada e medicina reprodutiva, oferecendo novas perspectivas para pacientes com endométrio fino, falhas recorrentes de implantação, baixa vascularização, histórico de curetagens ou baixa reserva ovariana, especialmente nos casos de falência ovariana precoce, quando a ovodoação costuma ser a única alternativa para alcançar uma gestação.
Regeneração endometrial: foco em espessura, vascularização e receptividade
Alterações no endométrio, como baixa espessura, fraca resposta hormonal ou pouca vascularização, estão entre as causas mais frequentes de infertilidade — tanto em concepções naturais quanto em tratamentos de reprodução assistida.
A terapia proposta utiliza células-tronco mesenquimais provenientes de medula óssea, sangue menstrual e tecido adiposo, devido ao seu potencial de:
promover angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos);
modular inflamações crônicas;
regular a resposta imunológica;
estimular reparo e regeneração tecidual;
aumentar a espessura endometrial;
melhorar a receptividade uterina para implantação embrionária.
O protocolo vem sendo estudado especialmente em pacientes com:
endométrio fino persistente;
falhas repetidas de implantação;
baixa vascularização endometrial;
sequelas pós-inflamatórias ou pós-curetagem;
infertilidade associada a disfunção endometrial.
Aplicação inédita também nos ovários: ASCOT
A pesquisa se diferencia ao avaliar, paralelamente, o efeito das células-tronco nos ovários por meio do ASCOT (Autologous Stem Cell Ovarian Transplantation) — o transplante autólogo de células-tronco aplicado diretamente no tecido ovariano, uma fronteira emergente da medicina regenerativa.
Entre os potenciais benefícios avaliados estão:
melhora da microcirculação ovariana;
redução de processos inflamatórios e oxidativos;
suporte às mitocôndrias das células ovarianas;
impacto na qualidade folicular;
apoio a pacientes com baixa reserva ou má resposta a estímulos hormonais.
Integrando tecnologia e bioterapias
A pesquisa alia terapias celulares a técnicas de ultrassonografia 2D e 3D, histerossonografia e procedimentos guiados em tempo real. Essa integração permite acompanhar de forma precisa o comportamento dos tecidos durante as etapas do tratamento, fortalecendo a segurança e a capacidade de avaliar resultados.

