Redação Plenax – Flavia Andrade
O Brasil recebeu, nesta segunda-feira (17), um carregamento de 2,1 milhões de unidades de insulina glargina, reforçando o abastecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 1 e 2. A entrega marca um passo decisivo na estratégia do governo para diminuir a dependência externa e consolidar a produção nacional de medicamentos. Até dezembro, mais 4,7 milhões de unidades devem chegar ao Ministério da Saúde.
O lote integra as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), mecanismo que possibilita a transferência de tecnologia para instituições públicas. A partir desse acordo, Bio-Manguinhos/Fiocruz receberá o domínio tecnológico da insulina glargina, hoje desenvolvida pela farmacêutica chinesa Gan&Lee, enquanto a produção será viabilizada pela empresa brasileira Biomm.
Para o Ministério da Saúde, o avanço representa segurança no fornecimento aos pacientes e fortalecimento da indústria nacional. A iniciativa é considerada estratégica dentro da política federal que utiliza o poder de compra do SUS para impulsionar o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) e garantir medicamentos gratuitos à população.
Produção nacional e investimentos
Para 2025, o governo destinou R$ 131,8 milhões à compra de insulina glargina. Além disso, uma ação inédita na América Latina está em andamento: a produção brasileira do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), parte mais complexa do medicamento. Essa etapa ocorrerá na unidade da Fiocruz no Ceará, referência em biotecnologia e terapias avançadas.
O investimento para garantir essa autonomia chega a R$ 510 milhões, por meio do Novo PAC. Quando o processo estiver concluído, o país terá domínio completo da cadeia produtiva — desde o IFA até o medicamento final — assegurando estabilidade no abastecimento e impulsionando o desenvolvimento tecnológico.
A Fiocruz destaca que a entrega tem forte simbolismo, representando ciência, tecnologia e soberania sanitária. Segundo a instituição, a iniciativa fortalece o SUS, gera empregos e amplia o acesso ao tratamento para milhões de brasileiros.
Capacidade de produção e expansão para outros tipos de insulina
A meta é alcançar a produção anual de cerca de 70 milhões de unidades de insulina glargina. O projeto inclui também etapas de embalagem, controle de qualidade e finalização do produto em território nacional.
Além da glargina, o governo ampliou parcerias para fabricar insulinas NPH e Regular, em frascos e tubetes. O acordo envolve a farmacêutica indiana Wockhardt, a Funed e a Biomm. Mais de 710 mil unidades já foram entregues, e a previsão é de atingir 8 milhões até 2026, com investimentos de R$ 142 milhões.
Assistência garantida pelo SUS
O SUS oferece tratamento integral às pessoas com diabetes, incluindo diagnóstico, monitoramento e acesso a diferentes tipos de insulina — NPH, Regular e análogas de ação rápida e prolongada — além de medicamentos orais. O acompanhamento acontece principalmente nas Unidades Básicas de Saúde, por equipes multiprofissionais que orientam e monitoram os casos de acordo com cada necessidade clínica.
