Redação Plenax – Flavia Andrade
Com a chegada da Black Friday 2025, marcada para a próxima sexta-feira (28), consumidores brasileiros se preparam para aproveitar descontos, mas também precisam ficar atentos aos golpes digitais, que têm crescido significativamente nos últimos anos.
Um levantamento do Instituto Locomotiva e QuestionPro aponta que 42% dos brasileiros já foram vítimas ou conhecem alguém que caiu em fraudes durante a Black Friday. Desse total, 16% sofreram diretamente, 20% conhecem alguém que foi vítima e 6% se encaixam nas duas situações.
Segundo Lucas Monteiro, Martech Leader da Keyrus, consultoria internacional especializada em Inteligência de Dados e Transformação Digital, “a Black Friday se tornou um dos períodos mais críticos para a segurança digital. Os criminosos usam tecnologias avançadas para enganar pessoas e sistemas, causando perdas financeiras, sobrecarga das equipes e impacto na experiência do cliente”.
Cenário de fraudes digitais no Brasil
Em 2025, o Brasil registrou níveis recordes de fraudes digitais. Em janeiro, foram contabilizadas 1,242 milhão de tentativas de fraude, o maior volume desde o início da série histórica do Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian. Esse número representa um aumento de 41,6% em relação a janeiro de 2024, equivalente a uma tentativa de golpe a cada 2,2 segundos.
No primeiro trimestre do ano, o país registrou cerca de três milhões de tentativas de fraude, um crescimento de 22,9% em relação ao mesmo período de 2024. Mais da metade dos brasileiros (51%) foi vítima de fraude, e 54,2% dessas pessoas sofreram perdas financeiras diretas. O setor de Bancos e Cartões concentrou 54% das tentativas, com prejuízos que poderiam ultrapassar R$15,7 bilhões.
A sofisticação dos ataques também aumentou: fraudes evitadas por biometria facial tiveram alta de 78,1% em fevereiro de 2025, refletindo a necessidade de tecnologias avançadas de prevenção.
Como a inteligência artificial potencializa os golpes
A Inteligência Artificial (IA) transformou o cenário de fraudes, tornando golpes praticamente indistinguíveis da realidade. Segundo o Relatório de Fraude de Identidade da Sumsub, ataques com deepfakes cresceram 822% entre 2022 e 2023 no Brasil, cinco vezes mais que nos Estados Unidos.
“Hoje, os criminosos criam vídeos e áudios falsos personalizados, usando nomes de vítimas, referências a compras anteriores e até vozes de familiares. Isso gera uma falsa sensação de confiança”, explica Lucas Monteiro.
Casos internacionais ilustram o perigo: a empresa britânica Arup transferiu US$25 milhões a golpistas após videoconferência com executivos gerados por IA. No Brasil, criminosos têm replicado vozes e imagens de apresentadores de TV e até do presidente da República para aplicar golpes financeiros.
As principais técnicas de fraude com IA incluem:
Imitação visual detalhada: sites que replicam a aparência das páginas oficiais;
Deepfakes em anúncios: vídeos falsos com influenciadores ou celebridades;
Ofertas irresistíveis: promoções falsas para pagamento via Pix;
Coleta de dados sensíveis: captura de informações pessoais e bancárias;
Perfis falsos em redes sociais: comunicação enganosa de marcas.
Segundo a Febraban, os golpes digitais causaram mais de R$10 bilhões em prejuízos no Brasil em 2024, 17% a mais que no ano anterior.
Como se proteger na Black Friday
Para consumidores, especialistas indicam algumas medidas práticas:
Antes da compra:
Pesquisar preços para identificar descontos reais;
Desconfiar de ofertas muito abaixo do mercado;
Verificar a reputação do vendedor e o CNPJ;
Acessar sites oficiais digitando o endereço diretamente.
Durante a compra:
Conferir se o site possui HTTPS;
Observar pequenas alterações na URL;
Checar dados do beneficiário em pagamentos via Pix;
Usar cartão virtual ou temporário;
Verificar o valor total da compra, incluindo frete.
Sinais de alerta:
Pressão por urgência e contagem regressiva exagerada;
Solicitação de pagamento fora da plataforma oficial;
Mensagens com ofertas “exclusivas”;
Vídeos de celebridades ou autoridades suspeitos;
Pedidos de senhas ou dados bancários.
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) reforça que o consumidor tem direito de arrependimento em compras online de até sete dias úteis.
Fernando Corrêa, CEO da Security First, reforça que a educação digital é a primeira linha de defesa: “Consumidores bem informados identificam sinais de fraude, enquanto empresas que investem em segurança protegem clientes e sua reputação. A Black Friday deve ser um momento de oportunidades reais, não de prejuízos”.

