Da Redação
Distúrbio afeta até 70% dos pacientes com insuficiência cardíaca; conheça os sintomas e hábitos de prevenção
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, responsáveis por 32% dos óbitos globais e 17,9 milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Dia Mundial do Coração, lembrado em 29 de setembro, especialistas destacam que a apneia obstrutiva do sono (AOS) está entre os fatores de risco mais preocupantes.
“A apneia do sono é caracterizada por interrupções recorrentes da respiração durante o sono, levando à falta de oxigênio e à fragmentação do sono. Essa condição é um fator de risco para hipertensão arterial sistêmica, arritmias e doença coronariana”, explica a pesquisadora científica Sara Giampá, da Biologix, empresa especializada em medicina do sono.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a AOS está presente em até 70% dos pacientes com insuficiência cardíaca. O artigo “A Influência dos Distúrbios do Sono na Progressão de Doenças Cardiovasculares”, publicado no Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, mostra que pessoas com o distúrbio têm de 2 a 3 vezes mais risco de sofrer infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
A especialista reforça que o sono insuficiente também pode gerar inflamações e desregulação hormonal, aumentando ainda mais a sobrecarga sobre o sistema cardiovascular. “A recomendação é que adultos durmam entre 7 e 9 horas por noite para manter o organismo em equilíbrio”.
Ela orienta a procurar um médico do sono caso haja sintomas como:
- Ronco alto e frequente;
- Pausas visíveis na respiração durante o sono;
- Sensação de sufocamento ou engasgo noturno;
- Sonolência excessiva durante o dia e dor de cabeça matinal;
- Dificuldade de concentração e memória.
Em caso de suspeita de distúrbios do sono, exames específicos podem confirmar o diagnóstico. O tratamento varia desde o uso do CPAP até aparelhos intraorais e terapias comportamentais.
Como proteger o coração e dormir melhor
Alguns hábitos simples ajudam a melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, a saúde do coração:
- Tente dormir e acordar sempre no mesmo horário, inclusive aos fins de semana. A regularidade ajuda a ajustar o relógio biológico.
- Mantenha o quarto escuro, silencioso e em temperatura agradável. Evite celulares, tablets e computadores antes de dormir, já que a luz azul das telas atrapalha a produção de melatonina, hormônio que regula o sono.
- Prefira refeições leves à noite, evitando excesso de gordura, açúcar, álcool e cafeína, que dificultam o sono e favorecem o ganho de peso – fator de risco para a apneia.
- Exercícios regulares ajudam no controle do peso, melhoram a circulação e reduzem a pressão arterial, o que contribui para a saúde do coração e para noites de sono mais tranquilas.
“Dormir bem é mais do que descansar: é proteger o coração. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado do distúrbio pode evitar complicações graves e salvar vidas”, conclui Giampá.