Redação Plenax – Por Flavia Andrade
O Pantanal, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, está no centro das discussões da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em Belém (PA). O bioma, que abriga uma diversidade única de fauna e flora, enfrenta os impactos diretos da crise climática e busca se consolidar como modelo de conservação aliada ao desenvolvimento sustentável.
Segundo dados da plataforma MapBiomas Atmosfera, divulgados em 5 de novembro, o Pantanal e a Amazônia estão entre as regiões brasileiras com maior aumento de temperatura nos últimos 40 anos — 1,9°C e 1,2°C, respectivamente.
Carta do Pantanal: compromisso pela sustentabilidade
A preparação para a COP30 teve como marco a Pré-COP do Pantanal, realizada em Campo Grande (MS) no fim de setembro. O evento, organizado pelo Consórcio Brasil Verde em parceria com o Governo de Mato Grosso do Sul e apoio do Centro Brasil no Clima, resultou na Carta do Pantanal, documento que reafirma a importância do bioma na agenda climática global.

A carta, elaborada por representantes do poder público, sociedade civil e comunidade científica, alerta para a vulnerabilidade da região diante das mudanças climáticas e defende a criação de um Plano Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Pantanal. Entre as recomendações, estão o pagamento por serviços ambientais, o incentivo à bioeconomia e o fortalecimento da infraestrutura científica e tecnológica para prevenção e resposta a eventos extremos.
“Os impactos das mudanças do clima, materializados em secas severas, enchentes extremas e incêndios de grande escala, somam-se às deficiências de infraestrutura, afetando a qualidade de vida das populações pantaneiras”, destaca o documento.
Governança e protagonismo subnacional
A CEO da COP30, Ana Toni, ressaltou a relevância de integrar o Pantanal às discussões sobre clima e biodiversidade.
“Vemos aqui os efeitos das mudanças climáticas, mas também uma oportunidade única. Estamos trabalhando com os governos locais e estaduais para intensificar a sinergia entre as convenções de clima e biodiversidade”, afirmou.
Ela destacou ainda que, pela primeira vez, o Brasil incorporou à sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) — compromisso global para redução de emissões — o papel da governança subnacional, reconhecendo a importância de estados e municípios na implementação de políticas climáticas.
O governador do Espírito Santo e presidente do Consórcio Brasil Verde, Renato Casagrande, reforçou o papel das gestões locais:
“Queremos que a COP de Belém seja a COP da implementação. Nada será colocado em prática sem envolver estados e municípios”, afirmou.
Mato Grosso do Sul como exemplo de políticas sustentáveis
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, destacou os avanços do estado na preservação do Pantanal e no desenvolvimento sustentável.
“Instituímos a Lei do Pantanal, um instrumento econômico que fortalece a conservação e cria um fundo do clima para financiar serviços ambientais. Estamos chamando o setor privado para participar dessa agenda — não é uma tarefa exclusiva do poder público”, declarou.
Pré-COPs dos biomas e a construção da agenda climática nacional
A reunião do Pantanal integrou a série Pré-COPs dos Biomas, encontros regionais realizados em todo o país como preparação para a COP30. Além do Pantanal, já ocorreram edições na Mata Atlântica (Curitiba), Caatinga (Fortaleza), Cerrado (Brasília) e Pampa (Porto Alegre). As discussões fazem parte do Mutirão COP30, esforço coordenado para construir uma agenda climática nacional a partir das realidades locais.
“A COP é Aqui”: mobilização em todo o Brasil
Antes do início oficial da conferência, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) lançou a iniciativa “A COP é Aqui”, que promoveu debates e ações em diversas regiões do país. O projeto busca aproximar a sociedade brasileira das discussões sobre o clima, envolvendo escolas, comunidades, instituições públicas e privadas e coletivos locais.
Materiais digitais e audiovisuais foram disponibilizados para apoiar rodas de conversa, oficinas e mostras culturais, com três eixos principais:
“Nós no clima da mudança” – cadernos educativos e atividades colaborativas;
Balanço Ético Global (BEG) – guia de debates sobre ética e arte na agenda climática;
Mostra Circuito Tele Verde Ecofalante – produções audiovisuais para exibições em escolas e centros culturais.
Com a Carta do Pantanal e as ações integradas de governos e sociedade civil, o bioma reafirma seu papel como símbolo de resiliência e liderança ambiental, contribuindo para que o Brasil se consolide como provedor de soluções climáticas que unem conservação e prosperidade.
*Com informações da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
