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Automedicação atinge 86% da população no Brasil e preocupa especialistas em saúde digestiva

Foto: Divulgação

Da Redação

Federação Brasileira de Gastroenterologia alerta que o hábito pode mascarar doenças graves e causar efeitos adversos à saúde

Em média 86% dos brasileiros se automedicam, segundo pesquisa nacional do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade em parceria com o Datafolha de 2024. Prática comum no país, a automedicação para tratar sintomas como dor de estômago, azia e má digestão pode trazer sérias consequências à saúde. Segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), o uso frequente e sem prescrição de medicamentos para reduzir a acidez gástrica pode ocultar doenças como gastrite, refluxo, úlceras e até câncer gástrico.

O estudo, divulgado em 2024, ouviu mais de 2 mil pessoas em 113 municípios brasileiros e reforça o caráter disseminado desse hábito no país. De acordo com a FBG, distúrbios gastrointestinais estão entre as queixas mais recorrentes nos consultórios da especialidade. Ainda assim, muitos pacientes optam por soluções rápidas por conta própria, o que adia a investigação das causas e o início do tratamento adequado. Entre os que fazem uso de medicamentos, quase metade se automedica ao menos uma vez por mês, e cerca de 25% o fazem semanalmente ou diariamente, segundo dados complementares do Conselho Federal de Farmácia com base em pesquisa Datafolha.

Impacto na saúde digestiva está, por exemplo, no uso prolongado ou inadequado de anti-inflamatórios, que é uma causa comum de úlceras gástricas e duodenais e que podem evoluir para sangramentos graves e perfurações, exigindo intervenção médica urgente. O uso de medicamentos aparentemente inofensivos, como analgésicos e antitérmicos em doses elevadas (por exemplo o paracetamol), pode causar danos hepáticos graves, com comprometimento da função do fígado.

Outro impacto é o mascaramento de sintomas. O uso prolongado de bloqueadores da acidez sem orientação médica, por exemplo, pode retardar o diagnóstico de doenças digestivas curáveis como a Úlcera Gástrica e Duodenal. “O alívio imediato proporcionado por antiácidos pode esconder sinais de doenças sérias. A automedicação, embora comum, é um hábito perigoso que compromete a saúde digestiva”, afirma a Dra. Héltia Duarte, presidente da associação cearense de Gastroenterologia.

Ainda, de acordo com o Ministério da Saúde, a automedicação é considerada um problema de saúde pública, associada a complicações, internações e até cerca de 20 mil mortes por ano no Brasil, conforme estimativas de entidades médicas e farmacêuticas. A FBG reforça a importância da avaliação profissional diante de qualquer desconforto digestivo persistente. “É fundamental investigar a origem dos sintomas. Com o diagnóstico correto, é possível tratar a causa e não apenas os efeitos”, conclui. A entidade segue comprometida em promover informação de qualidade e incentivar o cuidado médico responsável.

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