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Especialista explica o que é a oncomenopausa e como as pacientes com câncer de mama podem reduzir seus efeitos

Foto: Divulgação

Da Redação 

O médico Gilberto Amorim, da Oncologia D’Or, afirma que a dieta saudável, o controle de peso e a prática de atividade física podem ajudar a mulher a lidar com o problema

O câncer de mama é o tumor mais comum entre as mulheres, sem considerar o câncer de pele não melanoma. Em 2025, deverão ser diagnosticados 73,6 mil casos1. Como 70% desses tumores são sensíveis aos hormônios femininos, um dos tratamentos mais usados é a terapia endócrina, que inibe a produção de estrogênio e progesterona para evitar o crescimento do câncer. “Em muitos casos, é preciso bloquear a função dos ovários, por até cinco anos, causando em jovens os sintomas da menopausa”, afirma o médico Gilberto Amorim, da Oncologia D’Or, especialista em câncer de mama. Segundo a Sociedade Americana do Câncer2, 16% das mulheres que recebem o diagnóstico deste tipo de câncer têm menos de 50 anos. 

A terapia endócrina pode ser usada para diminuir o tumor antes da cirurgia, reduzir o risco de recidiva ou tratar o câncer metastático. De acordo com o oncologista, em média, a possibilidade de recidiva cai em 50%. E a de morte, em 30%. Mas algumas mulheres pagam um preço muito alto por esses benefícios.

Os sintomas da oncomenopausa são mais intensos do que os da menopausa fisiológica, devido à interrupção abrupta da produção de hormônios3. O ciclo menstrual é suspenso e pode não voltar de forma imediata após o tratamento. Esse fenômeno, aliado aos sintomas físicos e problemas psicológicos relacionados ao tratamento do câncer, impacta negativamente a qualidade de vida dessas mulheres4.

A menopausa química provoca cerca de 70 sintomas. Entre os mais comuns estão ondas de calor (fogachos), alterações de humor, distúrbios do sono, depressão, dores articulares, desaceleração do metabolismo e tendência ao sobrepeso e à obesidade. Causa ainda sintomas geniturinários como ressecamento e atrofia vaginal e infecções urinárias. 

“Imagine uma mulher na faixa dos 30 anos, que tenta retomar a vida depois da fase mais inicial do diagnóstico do câncer de mama, quando perdeu cabelos por causa da quimioterapia, e enfrenta dificuldades para ter relações com o marido por causa da menopausa. É um cenário muito desafiador”, observa Gilberto Amorim. 

O que fazer? 

A notícia boa é que os oncologistas, mastologistas e ginecologistas hoje estão colocando muito mais foco na qualidade de vida da paciente do que no passado, quando se preocupavam mais em avaliar a eficácia do tratamento e evitar o risco de recidiva. 

Dentro deste cenário, surgiram estudos para mitigar os efeitos da oncomenopausa. Um trabalho da Universidade do Arizona5, nos Estados Unidos, apresentado este ano no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia (ASCO), mostrou que o uso local de estrogênio é seguro, podendo aliviar os sintomas geniturinários. O estudo envolveu 18.620 mil mulheres com câncer de mama com mais de 65 anos. 

Além disso, os médicos conseguiram identificar gatilhos que desencadeiam os sintomas da menopausa, como as ondas de calor. Entre eles está o consumo de bebidas alcoólicas e de alimentos como chocolates e queijos amarelos. “É importante a paciente observar esses gatilhos e ter uma dieta saudável com frutas, legumes e grãos”, pondera o especialista. 

Outras medidas podem aliviar os problemas advindos da menopausa, como o controle do peso, a prática de atividade física, o uso de certos fitoterápicos, a acupuntura, a fisioterapia pélvica e aplicações de laser ginecológico. Para Gilberto Amorim, uma equipe multidisciplinar — formada por nutricionistas, fisioterapeutas, mastologistas, oncologistas, ginecologistas e profissionais de terapias integrativas — pode dar o suporte para que as pacientes passem por esse período delicado da melhor maneira possível e superem a doença. 

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