Da Redação
Fundado por Léo Martins, O Grito é uma ação coletiva que contribui para promover mudanças, abrir portas e pavimentar caminhos para a superação da desigualdade social
Sonhar com propósito e agir com coragem: foi isso que moveu Léo Martins, 41 anos, a provocar mudanças em sua comunidade. Léo é morador de Ribeirão das Neves (RMBH), uma cidade marcada por estigmas e desigualdades. Depois de enfrentar depressão, perder amigos para o tráfico e sentir na pele o preconceito por viver em uma comunidade marginalizada, ele decidiu transformar a dor em ação. Assim nasceu, em 2016, o Instituto O Grito, que começou com simples atividades de lazer nas ruas, mas com o propósito maior de levar cultura, esporte, inclusão produtiva e apoio social a quem mais precisa.
O projeto cresceu de forma surpreendente: de um orçamento anual de R$ 3 mil no início do projeto para mais de R$ 3 milhões por ano atualmente, ampliando o impacto para milhares de pessoas. O Instituto atua em quatro eixos — esporte e cultura, socioemocional, inclusão produtiva e negócios sociais (confecção, outlet e consumo circular) — e hoje conta com 48 colaboradores, sendo reconhecido nacionalmente pelo impacto real que promove.
De acordo com Léo, um dos divisores na trajetória d’O Grito foi quando compreendeu o impacto transformador das boas parcerias, e citou o exemplo do Instituto Marina e Flávio Guimarães (IMFG), mantido pelo Grupo Bmg, que acreditou no potencial transformador do trabalho. “A parceria vai além do patrocínio financeiro; conseguimos unir propósitos. Eles participam, visitam, inauguram, se envolvem. O carinho e a confiança deles não têm preço”, afirma Léo.
Outro grande projeto realizado no Bairro Jardim Alvorada, em Ribeirão das Neves, é o Favela3D. Criado pela Gerando Falcões, o projeto é realizado em Minas Gerais pelo Instituto O Grito, e surge como uma solução de tecnologia social dedicada a transformar territórios de vulnerabilidade em espaços de dignidade, desenvolvendo soluções que geram impacto positivo e permanente na comunidade.
Como um dos desdobramentos do projeto, Léo estruturou contêineres como salas de aula, transformando a sede em polo do Senai, Senac e Sesc, na região, garantindo acesso de jovens a cursos técnicos e profissionalizantes. “Neste momento da chegada do Favela 3D, seu Ricardo (Ricardo Guimarães, do Grupo Bmg) me conseguiu 20 minutos na reunião do Conselho da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) para eu falar do Grito e do Favela 3D. Na minha fala, o presidente da Fiemg disse “vamos fazer alguma coisa junto”. E hoje somos também um polo do Senai e Sesc, com oferta de curso nos contêineres e posso levar os jovens
do projeto para uma unidade do Senai mais próxima para fazerem os cursos por lá”. O projeto Favela 3D conta com o patrocínio do Instituto Marina e Flávio Guimarães em Minas Gerais, mais um fruto da parceria entre as instituições que enxergam grande potencial nessa região.
Outro projeto do Instituto Marina e Flávio Guimarães, que reflete essa crença e que é resultado de muitas conversas entre instituições, é a Casa Marina. A primeira unidade desse projeto realizado pelo IMFG foi inaugurada em Ribeirão das Neves, no dia 9 de outubro, dentro da Cidade dos Meninos, do Sistema Divina Providência. Um espaço de capacitação e acolhimento, voltado a mulheres em situação de vulnerabilidade, que oferece cursos de corte e costura, cabeleireiro, manicure e pedicure, cuidador de idosos, além de oficinas educação financeira, empreendedorismo e apoio psicossocial. “O IMFG entendeu nossa realidade. A Casa Marina é mais um fruto disso: mais que apoiar, eles escutam, conhecem a comunidade e constroem junto”, exalta Léo.
Esses projetos mostram que, quando somadas as forças, as iniciativas podem ampliar seu alcance para mudar realidades.
APP E RECOMPENSAS
Inovador, Léo lançou o APP Clube do Grito, disponível na Play Store, que permite doações mensais de R$ 9,90 R$ 19,90 e R$ 29,90, com transparência em tempo real sobre a gestão financeira e presença dos beneficiados. O aplicativo ainda utiliza moedas virtuais (“Gritos”), trocáveis por recompensas.
PASSADO E FUTURO
A história de Léo é igualmente inspiradora. Filho de lavradores, natural de Itinga (Vale do Jequitinhonha), teve infância humilde em Belo Horizonte, vivendo em um barraco sem saneamento e alimentando-se quase sempre de suã. A educação surgiu como salvação, incentivada por uma pessoa que o fez acreditar no estudo. Depois de trabalhar como pedreiro, encontrou na arquitetura e no design de construção civil a chance de ampliar horizontes e compreender o poder transformador do conhecimento.
Hoje, é reconhecido por empresários, instituições e lideranças sociais como visionário que, ao dar voz a quem não tem, ajudou a ressignificar sua comunidade. Seu novo sonho é expandir a metodologia d’O Grito para todo o Brasil, por meio de uma plataforma EAD voltada a habilidades socioemocionais, comunicação e oratória, ajudando pessoas a superar medos e encontrar propósito.
Entre as ações de destaque está o jantar anual Clube d’O Grito, que este ano acontece no dia 23/10, e reúne doadores e apoiadores para celebrar conquistas e reforçar que o projeto é “um jardim coletivo, onde cada semente plantada floresce em transformação social”, comenta Léo.
Da infância pobre no Vale do Jequitinhonha à liderança de um dos projetos sociais mais promissores do país, a trajetória de Léo Martins mostra que educação, solidariedade e parcerias estratégicas podem transformar vidas, comunidades e cidades inteiras. Seu lema resume tudo: “Sei que não vou acabar com a dor do mundo, mas vou fazer de tudo para diminuí-la.”

 
								





