Da Redação
Fiocruz aponta tendência de alta nos casos de SRAG no DF. Engenheiro mecatrônico afirma que ambientes sem renovação adequada do ar favorecem surtos de infecções
O Distrito Federal entrou em nível de alerta para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), de acordo com o Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no início de setembro. O levantamento aponta que os casos recentes estão acima da média histórica e em tendência de crescimento nas últimas seis semanas. Só na primeira semana do mês, a Secretaria de Saúde registrou 310 novos diagnósticos de covid-19, número que contribuiu para a elevação do risco.
Dados do Boletim Epidemiológico da SES-DF mostram que, até agosto de 2025, foram notificados 5.783 casos de SRAG no DF. Do total, 73% foram atribuídos a vírus respiratórios, com destaque para rinovírus (53%) e influenza (14%). Crianças de até 10 anos concentram 75% das notificações, principalmente relacionadas ao vírus sincicial respiratório (VSR).
A qualidade do ar em ambientes internos também tem influência direta sobre a disseminação dos vírus respiratórios. Estudos da Organização Mundial da Saúde apontam que até 60% das doenças respiratórias agudas estão relacionadas à exposição a poluentes. Em locais fechados, o risco é ampliado pela falta de ventilação e manutenção inadequada dos sistemas de climatização.
Patrick Galletti, engenheiro mecatrônico e CEO do Grupo RETEC, lembra que a climatização deve ser tratada como parte da prevenção. “Ambientes, como os escolares e hospitalares, sem renovação adequada de ar favorecem surtos de infecções. A presença de CO₂ e partículas em excesso aumenta a predisposição a crises respiratórias. O investimento em sistemas inteligentes de climatização e manutenção preventiva é tão importante quanto a vacinação para reduzir internações”.
De acordo com a Fiocruz, o crescimento recente da SRAG está concentrado entre crianças e adolescentes de 2 a 14 anos. A tendência preocupa diante do prolongamento da seca no DF, que chegou a registrar umidade relativa abaixo de 20% em 2024. “O ar seco resseca as vias respiratórias e agrava quadros como asma e bronquite, especialmente no público infantil. É fundamental que escolas e hospitais incorporem soluções de ventilação, filtragem e controle de umidade”, reforça Galletti.
Além de manter a vacinação em dia e adotar medidas como o uso de máscaras, lavar as mãos, cobrir o nariz e a boca ao tossir ou espirrar e evitar aglomerações em locais fechados, o CEO do Grupo RETEC reforça a importância de colocar a climatização no radar de alerta e lista cinco pontos essenciais para preservar a saúde neste sentido:
- Manutenção regular
- Limpe filtros de ar-condicionado ao menos uma vez por mês.
- Faça revisões preventivas para evitar falhas e proliferação de fungos e bactérias.
- Renovação do ar
- Abra janelas sempre que possível para favorecer a ventilação cruzada.
- Utilize sistemas que façam troca automática de ar e mantenham níveis adequados de CO₂.
- Controle da umidade
- O ideal é manter a umidade entre 50% e 60%, segundo a OMS.
- Use umidificadores ou soluções caseiras, como toalhas úmidas ou bacias com água, especialmente no período de seca.
- Temperatura adequada
- Configure o ar-condicionado entre 23 °C e 25 °C no verão e evite temperaturas muito baixas para não sobrecarregar o sistema.
- Ajuste a climatização à ocupação do ambiente, desligando em áreas vazias.
- Tecnologias inteligentes
- Sensores de presença e de qualidade do ar ajudam a ajustar automaticamente a climatização e reduzem o consumo em até 30%.
- Sistemas modernos com VRV e água gelada podem cortar até 70% do gasto energético
“A climatização adequada é tão importante quanto a vacinação. Renovação de ar, controle da umidade e manutenção preventiva reduzem a circulação de vírus e evitam que escolas, hospitais e escritórios se tornem focos de contaminação”, reforça o CEO.