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Por que a solidão cresce mesmo em ambientes cheios

Foto: Guilherme Breder / www.bsfotografias.com.br

Redação Plenax

Estudos mostram que falta de vínculo emocional amplia riscos de ansiedade, depressão e queda de desempenho no trabalho

A solidão deixou de ser um problema restrito ao isolamento físico e passou a afetar também pessoas socialmente ativas. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que cerca de um em cada quatro adultos no mundo se sente solitário frequentemente, mesmo mantendo a convivência familiar, profissional ou social regular. A importância tem impacto direto sobre a saúde mental e começa a chamar a atenção de empresas e gestores.

Segundo Jair Soares dos Santos, psicólogo e pesquisador em saúde mental, a convivência social não garante proteção emocional. “Muitas pessoas estão acompanhadas no trabalho, na família ou em grupos sociais, mas não se sentem entendidas ou seguras para expressar vulnerabilidades. Essa desconexão prolongada pode gerar sofrimento psíquico importante”, afirma.

Conhecida na literatura científica como solidão subjetiva, a condição ocorre quando há presença de pessoas, mas ausência de conexão emocional, escuta e sensação de pertencimento. Levantamentos do Gallup World Poll indicam que indivíduos que se sentem solitários apresentam índices significativamente mais altos de sofrimento emocional, independentemente do número de interações sociais ou do estado civil.

Estudos publicados pela revista The Lancet Psychiatry apontam que a solidão persistente está associada ao aumento do risco de ansiedade, depressão e agravamento de transtornos mentais já existentes. Os pesquisadores destacam que a qualidade dos vínculos exerce papel mais relevante do que a quantidade de relações mantidas ao longo do dia.

O impacto da solidão reunido também é distribuído no ambiente corporativo. Um estudo publicado pela Harvard Business Review mostra que profissionais que se relacionam com solidão apresentam maior esgotamento emocional, menor engajamento e mais risco de afastamento por questões de saúde mental. A pesquisa associa o sentimento de desconexão à queda de produtividade e ao aumento de sintomas relacionados ao burnout.

Apesar da alta influência, o problema ainda é pouco conhecido. Por não isolamento acústico visível, a solidão fechada tende a ser minimizada ou interpretada como fragilidade individual. “Existe uma cobrança implícita para que uma pessoa se preocupe bem por estar rodeada de gente. Isso faz com que muitos profissionais silenciem o próprio sofrimento”, diz Santos.

Os especialistas recomendam atenção a sinais persistentes como sensação de vazio, dificuldade de compartilhar emoções, irritabilidade constante, fadiga emocional e percepção de não pertencimento, mesmo em ambientes coletivos. A orientação é buscar apoio profissional e fortalecer vínculos baseados em confiança, escuta e segurança psicológica.

No cenário pós-pandemia, o tema ganhou relevância adicional. Embora as interações presenciais tenham sido retomadas, estudos internacionais indicam que o mal estar emocional associado à solidão não retrocedeu na mesma proporção. Para a Organização Mundial da Saúde, reconhecer a solidão como fator de risco em saúde pública é fundamental para orientar políticas de prevenção, práticas corporativas mais saudáveis ​​e estratégias de cuidado emocional.

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