Redação Plenax
Maiores montantes já sorteados na história do jogo podem render até R$ 9 milhões mensais em ativos de baixo risco
Ganhar a Mega da Virada é um sonho de muitos brasileiros, mas administrar uma quantia que este ano se aproxima de R$ 1 bilhão exige muito mais do que sorte. Histórias de ganhadores que perderam tudo em poucos anos se repetem em diferentes países e reforçam a importância de um planejamento financeiro sólido. Uma fortuna dessa magnitude pode se dissipar rapidamente quando decisões impulsivas, consumo descontrolado e investimentos improvisados entram no caminho.
Segundo Lucas Sharau, planejador financeiro CFP® e sócio da iHUB Investimentos, o maior risco está na euforia inicial. “Ganhar um prêmio dessa magnitude é uma oportunidade única, mas também uma enorme responsabilidade. O planejamento financeiro é o que separa uma conquista passageira de uma liberdade rigorosa”, afirma.
Para dimensionar o impacto financeiro, em um cenário com prêmio de R$ 850 milhões aplicados na Selic atual de 15% ao ano, o rendimento líquido por mês seria algo próximo de R$ 8,9 milhões. Mesmo aplicações simples, como as caixinhas de rendimento de bancos digitais que pagam 100% do CDI, esse mesmo prêmio poderia gerar algo entre R$ 7,5 milhões e R$ 8,5 milhões mensais, dependendo das variações do CDI ao longo do período.
A primeira decisão: desacelerar
Ao contrário da intuição popular, o primeiro passo de um novo multimilionário não é decidir onde investir. É evitar decisões precipitadas. Nos primeiros 30 dias, o objetivo não é maximizar o retorno: é reduzir o risco de erro. “O foco inicial não é bater meta. É não fazer besteira. Colocar a maior parte do dinheiro em ativos de baixíssimo risco cria uma zona de segurança para pensar com clareza”, explica Sharau.
Na prática, faz sentido manter entre 80% e 90% do valor temporariamente no Tesouro Selic e fundos DI ultraconservadores, com liquidez e baixo risco, enquanto você organiza o restante do tabuleiro: quita, define uma reserva robusta e estrutura a proteção do seu patrimônio, que quase todo ganhador subestima: jurídico, contábil, planejamento sucessório. Para uma fortuna desse tamanho, governança não é luxo: é obrigação.
Como número?
Segundo Sharau, um portfólio equilibrado para alguém com perfil moderado pode seguir diretrizes como:
45% a 55% em renda fixa de altíssima qualidade, combinando Tesouro Selic e IPCA+, fundos DI e crédito bancário bem pulverizado. O objetivo aqui não é “espremer” o último centésimo de rentabilidade: é ter previsibilidade e segurança. • 15% a 25% na Bolsa brasileira, preferencialmente via ETFs, fundos e estratégias diversificadas. A renda variável desempenha um papel importante no crescimento real do capital, mas precisa estar inserida em um planejamento consistente, e não em apostas específicas. • 20% a 30% em investimentos internacionais, diversificando moedas e economias. Essa diversificação reduz a dependência do cenário doméstico e ajuda a equilibrar a carteira em momentos de instabilidade local. • 5% a 15% em estratégias alternativas e estruturadas, como multimercados e crédito privado bem selecionado, sempre com clareza de risco e função dentro da carteira. Nesse bloco, esclarecer sobre risco e função dentro da carteira é essencial. Produtos mais complexos só fazem sentido quando o investidor entende exatamente o que eles protegem e quais riscos carregam. • 0% a 10% em projetos pessoais, participação em empresas, negócios e filantropia planejada. Com dinheiro grande, aparecem convites infinitos. Se você não cria uma “gaveta” com limites, essa coleção vira o patrimônio inteiro.
Por fim, Sharau ressalta que decisões desse porte excluir método e acompanhamento. Contar com uma experiência profissional ao longo do processo ajuda a transformar um grande prêmio em um plano financeiro sustentável, estruturado e consistente com os objetivos de longo prazo.
“Mais do que buscar retornos extraordinários, o desafio passa a ser construir uma estratégia capaz de atravessar diferentes ciclos econômicos, resistir a decisões emocionais e lidar com as tentativas naturais que surgem quando o dinheiro chega de uma só vez”, finaliza.

