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MS em novo capítulo da habilitação: Detran forma primeiro condutor pela CNH do Brasil

Fotos: Melina Moraes e Rodrigo Maia

Redação Plenax – Flavia Andrade

Mato Grosso do Sul entrou para a história da modernização do trânsito ao habilitar o primeiro condutor do estado pelas novas regras da CNH do Brasil. Nascido e criado na zona rural, o trabalhador Bruno Amorim Gonçalo, de 29 anos, tornou-se o primeiro sul-mato-grossense a receber a Permissão para Dirigir (PPD) dentro do modelo totalmente digital, mais simples e integrado lançado pelo governo federal.

A experiência faz parte da fase piloto conduzida pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MS), que agora avança para a liberação gradual de agendamentos de exames teóricos e práticos para novos candidatos. Desde a publicação da Resolução nº 1.020 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), em 9 de dezembro, o órgão estadual vem ajustando sistemas e fluxos para garantir segurança, confiabilidade e integração entre as etapas do processo.

Mais do que inovação tecnológica, a CNH do Brasil surge como ferramenta de inclusão. O modelo busca facilitar o acesso à habilitação, especialmente para trabalhadores do interior e de áreas rurais, que historicamente enfrentam dificuldades logísticas e custos elevados para obter o documento. Bruno representa exatamente esse perfil: alguém que depende da mobilidade para trabalhar, cuidar da família e manter a rotina no campo.

De acordo com o diretor de Habilitação do Detran-MS, Luiz Fernando Ferreira dos Santos, a fase piloto foi conduzida com cautela. “O processo respeitou todas as etapas, sem pular fases ou forçar procedimentos. Isso permitiu identificar ajustes técnicos e construir um fluxo mais seguro e eficiente para os próximos candidatos”, explicou.

Ele destacou ainda a colaboração direta do candidato, do instrutor Celso Serafim e das equipes da Diretoria de Habilitação (Dirhab) e da Diretoria de Tecnologia da Informação (Dirti), que acompanharam todo o procedimento. “Ajustes são naturais em qualquer implantação, mas o acompanhamento técnico foi fundamental para o sucesso dessa etapa inicial”, afirmou.

O processo de Bruno começou pelo aplicativo CNH do Brasil, no dia 9 de dezembro. Dois dias depois, ao ir à cidade, ele realizou a biometria, captura de imagem, pagamento de taxas e exames médico e psicológico na agência do Detran no Pátio Central. A prova teórica ocorreu no dia 18, após a liberação sistêmica vinculada à carga horária mínima. Com a aprovação, o aplicativo liberou a Licença de Aprendizagem de Direção Veicular (LADV).

Mesmo já sabendo dirigir, Bruno precisou cumprir as aulas práticas exigidas, com instrutor vinculado a autoescola credenciada — regra que, por enquanto, permanece válida enquanto o Detran-MS trabalha para ampliar o acesso ao sistema. Segundo o instrutor Celso Serafim, as autoescolas estão se adaptando ao novo modelo, com cobrança proporcional por hora-aula e uso do veículo.

A aprovação, conquistada após dois exames no mesmo dia (categorias A e B), teve um peso emocional significativo. “Ele não dormiu na noite anterior. Quando contou à mãe que tinha sido aprovado, ela chorou de emoção”, relatou o instrutor.

Com a PPD em mãos, Bruno celebrou a conquista. “Essa habilitação representa independência. Agora posso resolver as coisas da fazenda, fazer compras e ter mais tranquilidade no dia a dia. Antes era mais difícil, agora ficou mais acessível”, afirmou.

Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), até 23 de dezembro de 2025, Mato Grosso do Sul já contabilizava 21,3 mil requerimentos pelo aplicativo CNH do Brasil. A maioria (79,2%) é para a categoria AB, seguida da categoria B (17,7%) e A (3%). Do total, 735 candidatos já passaram por atendimento presencial e avançam para as próximas etapas.

O Detran-MS segue ajustando os sistemas para que o processo de habilitação funcione de forma totalmente digital, reduzindo a necessidade de procedimentos manuais e a sobrecarga no atendimento presencial. A expectativa é que a CNH do Brasil consolide um novo padrão de acesso ao direito de dirigir, especialmente para quem vive longe dos grandes centros urbanos.

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