Redação Plenax – Flavia Andrade
Comércio, indústria e serviços puxam alta impulsionada por Black Friday e Natal; especialistas apontam como a contratação sazonal pode se transformar em efetivação
O mercado de trabalho temporário ganhou forte tração no segundo semestre e se consolidou como uma das principais portas de entrada para o emprego formal no país. Entre julho e novembro de 2025, as contratações temporárias cresceram 29%, segundo levantamento da Gupy, plataforma de recrutamento e seleção com uso de inteligência artificial.
O avanço acompanha a preparação das empresas para datas estratégicas como Black Friday e Natal, que elevam a demanda por mão de obra, especialmente nos setores de comércio, indústria e serviços. Mais do que uma solução pontual, as vagas sazonais têm se mostrado uma oportunidade concreta de efetivação, em um cenário de retomada e formalização do mercado de trabalho.
Dados do relatório Mercado de Trabalho no Brasil: cenários, tendências e insights para 2026 reforçam essa tendência: o país registrou cerca de 204 mil novos postos formais em comparação aos trimestres anteriores, indicando um ambiente mais favorável à contratação permanente.
Mais vagas em menos tempo
Em números absolutos, a plataforma da Gupy contabilizou 14.682 vagas temporárias entre janeiro e junho. Já de julho a novembro, em apenas cinco meses, o volume saltou para 18.974 oportunidades. Setembro e outubro lideraram o movimento, com média mensal de 4.519 vagas, refletindo o planejamento antecipado das empresas para o pico de consumo do fim do ano.
O varejo foi o principal motor dessa expansão. A comparação entre fevereiro — mês historicamente mais fraco — e novembro revela um crescimento de 1.080% no número de vagas temporárias no comércio. Na indústria, o pico registrado em setembro representou alta de 255% em relação a março. O setor de serviços apresentou comportamento mais estável ao longo do ano, mas também bateu recorde em novembro, com 1.907 vagas abertas.
Inclusão de profissionais 60+
Outro dado que chama atenção é a ampliação da participação de profissionais com mais de 60 anos nas contratações temporárias. Segundo o IBGE, o número de trabalhadores nessa faixa etária cresceu 76% entre 2012 e 2025. Para muitas empresas, o contrato temporário funciona como um período de avaliação prática, permitindo analisar competências técnicas e comportamentais antes de uma possível contratação via CLT.
Tecnologia acelera contratações
Com a necessidade de preencher centenas de vagas em curto prazo, a tecnologia tem sido decisiva. Para Jhenyffer Coutinho, líder de Experiência da Pessoa Candidata na Gupy, eficiência e planejamento são fundamentais.
“A tecnologia permite escala, agilidade e mais assertividade em períodos de alto volume. Ferramentas como recomendação de talentos por IA, pré-entrevistas automatizadas via WhatsApp e admissão digital reduzem o tempo de triagem em até 40% e tornam a experiência mais ágil tanto para empresas quanto para candidatos”, explica.
Como sair do temporário para o efetivo
Para quem conquista uma vaga sazonal, o desafio é se destacar. A especialista lista cinco estratégias que aumentam as chances de efetivação:
Proatividade e interesse: ir além das tarefas básicas e demonstrar vontade de aprender.
Alinhamento cultural: entender valores e dinâmica da empresa conta pontos na decisão final.
Entrega de resultados: pontualidade, responsabilidade e qualidade no trabalho fazem diferença.
Relacionamento interpessoal: integrar-se às equipes e manter uma postura colaborativa.
Comunicação clara: expressar ao gestor o desejo de permanecer e buscar feedbacks constantes.
“Com o mercado aquecido e a postura certa, a vaga temporária deixa de ser apenas um reforço de renda e passa a ser o primeiro passo para uma carreira sólida”, conclui Jhenyffer.
O cenário reforça que, em 2025, o trabalho temporário deixou de ser apenas sazonal e passou a ocupar papel estratégico na engrenagem do emprego formal no Brasil.
