Redação Plenax – Flavia Andrade
Evento reuniu executivos e especialistas em Paulínia (SP) para debater inovação, eficiência e sustentabilidade na cadeia de óleos e biocombustíveis
A Novonesis, líder global em biossoluções, promoveu na última semana, em Paulínia (SP), a quinta edição do Encontro Novonesis de Óleos Vegetais, Gorduras e Biodiesel (ENOV), consolidado como um dos principais fóruns técnicos do setor. Cerca de 150 profissionais e 21 palestrantes participaram da programação, que reuniu representantes de empresas como Veeries, Itaú BBA e Argus. As discussões foram organizadas em três eixos centrais: mercado e perspectivas, sustentabilidade e diversificação, além de inovação tecnológica.
A abertura ficou por conta da Veeries, que apresentou dados atualizados sobre o consumo global de óleos vegetais. Segundo a consultoria, a demanda por óleo de soja continua crescendo, enquanto o óleo de palma permanece como o mais consumido mundialmente. No Brasil, o setor opera atualmente com 120 unidades esmagadoras de soja, 58 plantas de biodiesel e 31 plantas de etanol de milho. A produção nacional atingiu 7,3 bilhões de litros de biodiesel, sendo 75% desse volume originado do óleo de soja. As projeções indicam capacidade instalada de até 14 bilhões de litros e aumento de 16% na oferta já em janeiro de 2026.
A Veeries também estimou que o esmagamento de soja deve alcançar 61,3 milhões de toneladas em 2026, impulsionado pelo avanço das misturas obrigatórias e pela maior demanda por biocombustíveis. A produção de óleo de soja pode chegar a 12,3 milhões de toneladas, impulsionada pela adoção do B15 e pela possível implementação do B16 em março de 2026. A expectativa é que a mistura obrigatória atinja 20% até 2030, elevando a demanda total para 19 bilhões de litros de biodiesel em 2035 e exigindo um aumento médio anual de 5,9% na oferta de óleo de soja.
O Itaú BBA, por sua vez, trouxe uma análise macroeconômica focada nos desafios regulatórios e de compliance. A instituição ressaltou que ainda há grande circulação de desinformação sobre o biodiesel e destacou o protagonismo do Brasil na agenda global de descarbonização. A aprovação da Lei do Combustível do Futuro, segundo o banco, cria um ambiente mais robusto, porém mais exigente em governança — especialmente diante da meta de mistura obrigatória de até 25% até 2037. Entre os desafios listados estão risco cambial, juros elevados, necessidade de novos investimentos e demandas crescentes por rastreabilidade e transparência, reforçadas por regulações internacionais como a lei europeia antidesmatamento prevista para dezembro de 2026.
A Argus apresentou o painel “Mercado SAF e Tendências Globais”, com uma visão técnica sobre o futuro dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF). A consultoria detalhou as principais rotas de produção adotadas no mundo, desafios operacionais dessas tecnologias e a influência da intensidade de carbono nos diferentes modelos de SAF. A análise também apontou oportunidades para o Brasil ampliar sua presença no mercado global, apoiado pelo potencial agrícola, capacidade industrial e avanços regulatórios.
“O ENOV é um espaço essencial para compartilharmos desafios e anteciparmos tendências. Seguimos escolhendo o Brasil para apresentar e implementar tecnologias porque acreditamos no potencial do país e na força da bioeconomia brasileira”, destacou Alexandre Braz, líder do segmento industrial da Novonesis. “Inovar é criar rotas mais eficientes e fortalecer toda a cadeia produtiva.”
A edição de 2025 marcou também os cinco anos do ENOV, alinhada às celebrações pelos 50 anos da presença da Novonesis no Brasil. A empresa reforçou seu compromisso com o desenvolvimento responsável da indústria e projetou que, até 2035, 40% de suas vendas globais deverão vir da América Latina, evidenciando a importância estratégica da região.
Entre os anúncios do evento, ganhou destaque o lançamento da Quara® Supreme, nova fosfolipase termoestável desenvolvida para processos de degomagem. A tecnologia opera em temperaturas mais altas, aumenta a estabilidade operacional e eleva o rendimento na recuperação de óleo — representando a evolução mais recente da linha Quara e reforçando a aposta da empresa em rotas enzimáticas mais eficientes.
“A inovação é o que move nosso trabalho. Investimos cerca de 11% da receita global em pesquisa e desenvolvimento, e cada solução nasce de um processo científico de longo prazo, que combina tecnologia e colaboração com nossos clientes”, reforçou Braz.
O ENOV 2025 também foi realizado como evento neutro em carbono. Todas as emissões geradas — incluindo deslocamentos, consumo de energia e resíduos — foram mensuradas e compensadas por meio de créditos certificados vinculados ao projeto ambiental da Usina Hidrelétrica Salto do Pilão, totalizando cerca de 3 mil quilos de CO₂.

