Redação Plenax – Flavia Andrade
Apesar do avanço da tecnologia no campo, a gestão documental ainda é um dos principais gargalos operacionais das fazendas brasileiras. Dados da Associação Brasileira de Automação – GS1 Brasil mostram que a automação rural cresceu 35% entre 2019 e 2024, elevando o Índice Agrotech de 0,17 para 0,23. Mesmo assim, a falta de capacitação e a conectividade limitada continuam travando processos essenciais.
Tecnologias como agricultura de precisão, sensores, drones e sistemas de rastreabilidade já fazem parte do cotidiano das propriedades. Pesquisa da SAE Brasil em parceria com a KPMG — citada pela Senior — revela que 44% dos produtores reconhecem impacto direto da tecnologia no aumento de produtividade, desempenho e redução de custos. A gestão segue entre as áreas que mais recebem investimentos.
Ao mesmo tempo, 38% dos entrevistados apontam a falta de treinamento como o maior entrave para adoção das soluções digitais. Para avançar em 2026, especialistas defendem cinco estratégias para transformar a gestão documental no agro.
- Use plataformas integradas para centralizar estoque, finanças e produção
Sistemas de gestão (ERPs) especializados para o agronegócio reúnem, em uma única plataforma, controle de estoque, gestão financeira, planejamento de safra e acompanhamento logístico.
A digitalização também facilita o cumprimento de normas legais e sanitárias, além da rastreabilidade exigida pelos mercados interno e externo.
Ao substituir processos manuais, as propriedades reduzem custos com armazenamento físico e ganham precisão no controle de insumos, produtividade das equipes e parcerias com fornecedores.
- Substitua o “caderno de campo” por versões digitais
Sensores de solo e clima, maquinário inteligente e sistemas de rastreabilidade são ferramentas já consolidadas nas fazendas. O próximo passo é digitalizar o controle diário de manejos, insumos e defensivos.
Os cadernos de campo digitais permitem registrar tarefas, carências de defensivos, datas de aplicação e prazos de forma centralizada. Isso reduz retrabalho, elimina anotações manuais e gera indicadores claros para planejamento de safra e tomada de decisão.
- Invista em segurança da informação e capacitação
Documentos digitais reduzem riscos de extravio e atendem às exigências legais e fiscais com mais eficiência.
Sistemas de gestão automatizam alertas, vencimentos e obrigações, o que facilita adequação às normas tributárias, ambientais e sanitárias.
Entretanto, a digitalização só funciona com pessoas capacitadas. Treinamentos para colaboradores e gestores são essenciais para garantir o uso adequado das ferramentas e fortalecer práticas de compliance — fundamentais no setor rural.
- Utilize dashboards em tempo real para personalizar decisões
Indicadores agrícolas são diretamente influenciados por clima, solo, pragas e mercado.
Para 2026, a tendência é o uso de inteligência artificial e análises preditivas para antecipar riscos e identificar oportunidades.
Relatórios e dashboards personalizados permitem que cada propriedade acompanhe apenas o que é relevante para o seu modelo produtivo. A IA também deve auxiliar na previsão de demanda, logística e armazenamento. O mercado global de IA no agro pode movimentar US$ 4,7 bilhões até 2028, segundo o portal Bemol.
- Adote sistemas híbridos para manter a operação mesmo sem internet
A falta de conectividade ainda é uma das maiores barreiras para a digitalização no campo. Por isso, sistemas que funcionam tanto online quanto offline devem se tornar padrão em 2026.
Essas soluções permitem registrar dados mesmo sem sinal, realizando a sincronização automática quando a internet volta — evitando perda de informações e garantindo continuidade das operações.
Com a expansão do 5G e da internet das coisas (IoT), a expectativa é que o campo avance ainda mais nos próximos anos.

