Redação Plenax – Flavia Andrade
O Pantanal recebeu mais uma grande ação de saúde pública. Em sua segunda expedição pelo Tramo Norte do Rio Paraguai, o Projeto NAVIO – Navegação Ampliada para Vigilância Intensiva e Otimizada – levou atendimento, exames, educação em saúde e vigilância integrada a mais de 460 moradores ribeirinhos, fortalecendo a presença do SUS em uma das regiões mais isoladas do Estado.
A iniciativa é coordenada pela Fiocruz Minas, sob liderança do pesquisador Luiz Alcântara, e integra redes internacionais dedicadas ao estudo das mudanças climáticas e doenças emergentes, como o Consórcio CLIMADE. O projeto recebe financiamento de instituições como NIH, OPAS/OMS e CNPq, consolidando uma cooperação técnico-científica que reúne Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Marinha do Brasil e centros de pesquisa nacionais e internacionais.
A chegada do NAVIO ao estado resultou de articulações entre a SES e Alcântara, permitindo a formalização de acordos e a estruturação da logística necessária para as atividades de campo e laboratório. Enquanto os insumos são fornecidos pelo Ministério da Saúde, o Lacen garante análises contínuas, a Marinha executa o atendimento fluvial e a SES coordena o cuidado integral, incluindo medicamentos, vacinação, apoio clínico e operacional.
Por meio da Coordenadoria de Saúde Única, odontologia, vigilância laboratorial, imunização, telessaúde e assistência farmacêutica atuaram de forma conjunta para assegurar organização, fluidez e resolutividade das ações.
Atendimento em saúde e vigilância ampliada
A expedição, realizada entre 23 de março e 14 de abril de 2025, percorreu comunidades como Barra de São Lourenço, Amolar, Porto São Pedro, Paraguai Mirim, Domingos Ramos e áreas urbanas de Corumbá. Foram ofertadas consultas médicas e odontológicas, classificação de risco, vacinação, exames laboratoriais, testes rápidos e análises moleculares.
Foram identificados casos de sífilis, doenças dermatológicas, infecções respiratórias e alterações metabólicas que exigem acompanhamento. Testes moleculares detectaram vírus respiratórios como influenza, rinovírus e VSR. A vigilância também envolveu coleta de água, monitoramento de vetores e avaliação de animais domésticos e silvestres.
“Esse é um modelo de vigilância que o mundo precisa conhecer”, destacou Luiz Alcântara. “No Pantanal, ciência, tecnologia e políticas públicas navegam juntas para proteger vidas e ecossistemas inteiros”.
A secretária adjunta de Saúde, Crhistinne Maymone, reforçou a importância da iniciativa: “Cada expedição reafirma o compromisso do SUS com quem vive em territórios remotos e depende da natureza para sobreviver”.
Tecnologia e inovação no cuidado
A expedição incorporou ferramentas de inteligência artificial para análise de dados clínicos em tempo real. O uso da plataforma REDCap assegurou registro imediato e seguro das informações, ampliando a precisão das análises epidemiológicas e do planejamento das próximas ações.
Educação em saúde e fortalecimento comunitário
A equipe promoveu rodas de conversa sobre prevenção de doenças, manejo da água, controle de vetores, convivência com fauna selvagem e impactos das mudanças climáticas. Também foram distribuídos filtros de barro, reforçando o cuidado com a qualidade da água — tema sensível após a identificação de contaminantes em expedições anteriores.
Moradores destacaram a importância da presença do projeto. “Aqui não temos médico no dia a dia. Quando o NAVIO chega, é um alívio”, contou a pescadora Maria Cristina Pereira, do Porto Morrinho. No Forte Coimbra, Deucilines Martins reforçou: “A gente deixa de se sentir abandonado”.
O que foi realizado
Assistência à saúde
Consultas médicas, de enfermagem e odontológicas
Classificação de risco
Diagnóstico de doenças crônicas e dermatológicas
Testes rápidos (sífilis, HIV, malária, leishmaniose, arboviroses)
Exames laboratoriais completos
Vacinação
Vigilância laboratorial
Coleta e processamento de amostras
Testes sorológicos e moleculares
Detecção de dengue, zika, chikungunya, febre amarela, HTLV, toxoplasmose
Identificação de vírus respiratórios (Influenza A, rinovírus, VSR e MPV)
Educação em saúde
Prevenção de doenças
Qualidade da água
Controle de vetores
Mudanças climáticas
Convivência com a fauna
Distribuição de filtros de água
Ação para garantir segurança no consumo e reduzir risco de doenças hídricas.
Compromisso contínuo
O Projeto NAVIO integra a estratégia de regionalização da saúde do Governo do Estado, garantindo assistência a territórios historicamente desassistidos. A próxima etapa já tem início marcado: 1º de dezembro.

