Redação Plenax – Flavia Andrade
Com visitas domiciliares, monitoramento rigoroso da frequência e apoio direto às famílias, a Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul vem reduzindo de forma consistente o abandono escolar. O Programa de Busca Ativa Escolar, aliado ao SBAE-MS — sistema desenvolvido em parceria com o Ministério Público Estadual — tem permitido que diversas unidades cheguem a índices próximos de zero, e algumas até os eliminem completamente.
A escola que zerou o abandono
Na Escola Estadual Célia Maria Naglis, em Campo Grande, o índice de abandono chegou a zero. O diretor-adjunto Ambrósio Lazzari explica que o resultado nasceu do envolvimento de toda a equipe.
“O aluno é nosso maior patrimônio. Esse patrimônio só existe quando ele está presente. Acolhimento, acompanhamento e ação imediata são o nosso tripé”, disse.
O controle diário da frequência é rígido: faltas sem justificativa geram contato imediato com a família e, se necessário, visitas domiciliares. Quando há mudança de endereço ou problemas logísticos, a escola orienta a família a matricular o aluno em uma unidade mais próxima.
“Essa busca ativa constante, feita com sensibilidade, garante que o estudante volte rapidamente. O cuidado diário mantém nossos índices praticamente zerados”, reforçou o diretor.
SBAE-MS fortalece ações e articula rede de proteção
O Sistema de Busca Ativa Escolar (SBAE-MS), criado em parceria com o MPMS, identifica alunos com frequência irregular e integra escola, Conselho Tutelar e comunidade em ações de reintegração.
Antes de chegar às unidades, as equipes da SED orientam gestores e profissionais sobre condutas, protocolos e formas humanizadas de abordagem.
A coordenadora de Psicologia e Serviço Social Educacional, Paola Lopes, destaca a importância dessa preparação:
“O acompanhamento deve ser imediato e articulado, com contato rápido com a família e visitas quando necessário. Para isso, a atualização cadastral é essencial. Telefones e endereços corretos fazem toda a diferença.”
Além da busca ativa, procedimentos como compensação de ausências e atendimento pedagógico reforçam o processo de retorno e recomposição da aprendizagem.
“Se for preciso, eu vou pessoalmente”: rotina de vigilância e cuidado
Na Escola Estadual Lino Villachá, o diretor Olívio Mangolin relata que o abandono escolar é combatido com trabalho direto, comunicação constante e visitas presenciais.
“Se o aluno falta dois ou três dias, eu ligo. Se não funciona, envio a supervisão. E, se ainda assim não encontro, vou eu mesmo. Só aciono o Conselho Tutelar depois de esgotar todos os recursos”, explicou.
O diretor lembra que a necessidade de trabalhar afeta principalmente alunos do noturno, e por isso a escola tenta ajustar horários e acolher esses jovens.
O esforço resultou no retorno de estudantes, como o caso de Josiane Cardoso Calvis, 17 anos.
Josiane havia deixado de frequentar a nova escola após transferência e problemas familiares.
“Quando o diretor soube, entrou em contato com minha família, conversou comigo e reverteu a transferência. Se não fosse a insistência dele, eu teria parado de estudar”, contou a aluna.
Hoje, ela recupera as notas e mantém a frequência em dia.
Abandono x evasão: entender para agir
O abandono ocorre quando o estudante deixa de frequentar a escola durante o Ano Letivo. Já a evasão acontece quando ele não retorna ao sistema no ano seguinte. Diferenciar os dois cenários é essencial para que as ações sejam adequadas a cada caso.
Resultados já aparecem na Rede Estadual
O secretário de Estado de Educação, Hélio Daher, afirma que o conjunto de políticas públicas implementadas reduziu expressivamente o abandono escolar:
“Em várias escolas, chegamos a zerar o índice. O SBAE-MS e as ações integradas têm sido decisivos para garantir a permanência e o sucesso dos estudantes.”
O governador Eduardo Riedel reforçou que o foco é permanente:
“Zerar o abandono é essencial, mas nosso compromisso vai além: queremos preparar os jovens para o mercado de trabalho e fortalecer o desenvolvimento sustentável de Mato Grosso do Sul.”

