Redação Plenax – Flavia Andrade
A Vila Nhanhá viveu três dias de cor, arte e movimento com a 4ª edição do Dia do Graffiti, encerrada neste sábado (22). O evento, realizado pelo coletivo Campão Graffiti, levou oficinas, batalhas, música, debates e intervenções urbanas ao Núcleo Humanitário da Nhanhá e às ruas do Comércio, do Trabalhador e Travessa Trigueira — que agora exibem novos murais que celebram a força criativa da periferia de Campo Grande.
Com uma programação intensa, o festival reuniu artistas do Norte e Nordeste — Léo Papel (BA), Tia Ireny (PA) e Auá Mendes (AM/SP) — além de talentos sul-mato-grossenses selecionados por chamada pública. A troca entre gerações, linguagens e territórios transformou o bairro em um polo de experimentação e convivência.
Para o idealizador San Martinez, o impacto foi imediato. “A população gostou, queria até mais. As crianças participaram de tudo e querem aprender. A gente conseguiu entregar um evento que o bairro merece. Agora é esperar a próxima”, destacou.

Arte que ocupa, une e transforma
O resultado mais visível ficou espalhado pelos muros do bairro. Em poucos dias, as intervenções criaram uma verdadeira galeria a céu aberto, reforçando identidade, pertencimento e valorização do território.
Segundo o coordenador do Núcleo Humanitário Nhanhá, Cris Robert, o festival deixou marcas que vão além da estética. “Quando a arte ocupa as ruas, muda o jeito que as pessoas andam, olham e se reconhecem no bairro. Trouxe autoestima, trouxe vida. As crianças viram que podem criar. Isso é transformação real”, disse.
O mural de dona Lourdes: afeto que vira arte
Um dos destaques foi o mural dedicado à dona Lourdes, figura histórica da comunidade e conhecida pelo tradicional “bolo de barquinho”. A grafiteira Grazi Romero transformou sua história em arte no muro da residência da moradora — que se emocionou ao ver o resultado.
“Eu sempre gostei de cor e inventar moda. Ver meu barquinho voltar assim é como ganhar um presente. A rua ficou mais alegre”, comentou dona Lourdes.
Três dias de movimento
A programação abriu na quinta-feira (20) com roda de conversa entre os artistas convidados, seguida de DJ e quebra-torto. Na sexta (21), oficinas comandadas por Tia Ireny, Auá Mendes e Léo Papel tomaram conta do Núcleo Humanitário.
O sábado foi o ponto alto: mutirão de pintura, workshop de breaking, batalha de tag, feira criativa e shows de Becky Bee, Navalha, Suburbia, Vadios67 e DJ Gabis. A edição foi encerrada com a exibição do documentário Cine Pixo.
O evento foi viabilizado pela PNAB – Política Nacional Aldir Blanc, MinC, Governo Federal, Fundação de Cultura de MS, Setesc e Governo do Estado, em parceria com o Núcleo Humanitário da Nhanhá, e apoio de ColorGin, Sherwin Williams, Vitória Tintas, Montana Colors e TransCine.

