Redação Plenax – Flavia Andrade
A pressão estética costuma pesar na adolescência, mas para Mariana Maidana, de 17 anos, esse peso sempre foi literal. Desde a infância, ela convive com comentários sobre o corpo, olhares de julgamento e a sensação constante de não pertencer a um mundo que cobra magreza como regra.
“Eu sempre fui gordinha”, diz. “Via minhas primas usando roupas bonitas com facilidade, e eu já ficava insegura.”
Com o tempo, o ganho de peso aumentou, principalmente após a primeira menstruação. Vieram a falta de ar, a dificuldade para tarefas simples e o desgaste emocional de ouvir — ou descobrir — comentários maldosos no ambiente de trabalho.
“Eu sou menor aprendiz. Às vezes as pessoas não falam na minha cara, mas falam por trás. E a gente acaba descobrindo. Magoa.”
A virada de chave
A decisão pela bariátrica não nasceu de um dia para o outro. Mariana viu familiares passando pelo procedimento, até acompanhar de perto o processo da própria mãe, operada pelo cirurgião bariátrico Dr. Wilson Cantero.
“Eu vi tudo acontecer com a minha mãe e deu certo. Aí eu falei: ‘Mãe, eu quero fazer’.”
A surpresa veio quando descobriu que a idade mínima sofreu alteração e que, com 17 anos, já poderia ser avaliada para a cirurgia. “O doutor explicou que agora pode a partir dos 14.”
Medo e coragem caminham juntos
A preparação não é simples. Exige mudanças alimentares, adaptações e disciplina — tudo isso enquanto Mariana ainda enfrenta os desafios próprios da adolescência.
“No começo dá medo. Você pensa: ‘Vou ficar cinco dias só no líquido, será que eu aguento?’”, conta, rindo.
“Mas vendo a minha mãe, eu fiquei mais tranquila. Meu psicológico está preparado.”
Ela já tentou dietas antes, mas os resultados demoravam e a frustravam. A bariátrica, para ela, virou um caminho possível e real.
Autoestima e o sonho de caber nas próprias escolhas
Quando fala sobre autoestima, o tom da voz muda. É onde mora o maior desejo.
“Tem roupas que eu queria muito vestir, mas não têm meu tamanho.”
Um sonho simples: entrar numa loja e experimentar qualquer peça — sem medo, vergonha ou frustração.
Hoje, com 117 quilos e sentindo que seu corpo “não acompanha a idade”, Mariana imagina o futuro: mais leve, mais livre, mais dona de si.
Compartilhar para inspirar: o Instagram como diário
Para ajudar outros adolescentes que vivem o mesmo dilema, ela criou um perfil no Instagram dedicado à jornada da bariátrica. Ali planeja postar evolução, dúvidas, rotina e até receitinhas fitness.
“Eu queria um nome que tivesse a ver comigo, não algo científico demais.”
Nos destaques, já deixou tudo organizado: evolução, motivação, desabafo, pré e pós-operatório.
Ainda não postou nada. Está esperando a data da cirurgia.
“Mas o texto de apresentação já está pronto”, brinca. “Muita gente tem dúvida porque eu sou menor de idade. Quero ajudar.”
Planos para o futuro
Como muitos jovens, Mariana vive a fase das incertezas profissionais.
“Eu penso em direito, psicologia, medicina, veterinária… não sei ainda”, diz, sorrindo.
Mas agora, ela acredita, terá energia e confiança para escolher o próprio caminho.
A visão médica
Para o cirurgião bariátrico Dr. Wilson Cantero, a cirurgia em adolescentes exige responsabilidade e avaliação criteriosa. Ele reforça que o acompanhamento multidisciplinar e o suporte familiar são indispensáveis.
O caso de Mariana, afirma, representa uma nova geração que busca informação, cuida da saúde e enfrenta o estigma da obesidade com maturidade.
Aos 17 anos, Mariana inicia uma jornada que vai além do peso: é sobre autonomia, autoestima e a chance de viver sem medo.

